quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Farmacêutico no UK - Já foi muito mais fácil...

Ora viva.


O número crescente e constante de emails que continuo a receber sobre o tema da farmácia no Reino Unido "obriga-me" a voltar a este tema. Vou escrever este post num estado de motivação profissional perigosamente baixo.
Trabalho como farmacêutico comunitário no Reino Unido há quase cinco anos, e assisti durante esse tempo a uma transformação absolutamente incrível na realidade do papel do farmacêutico e no dia-a-dia da farmácia.



Em 2008 foi publicado o Pharmacy White Paper, e que revolucionou todo o papel do farmacêutico comunitário e todo o financiamento da farmácia.



Pharmacy White Paper
The Government published its long awaited White Paper on pharmacy - Pharmacy in England - Building on Strengths, Delivering the Future on 3rd April 2008.
It contains a great many proposals to expand the role of community pharmacy. Work to implement proposals begins immediately, with NHS Employers acting on behalf of Primary Care Trusts, and PSNC discussing a number of key issues. The community pharmacy contractual framework will be refreshed over the next two years, as new services are developed.

A mudança do papel do farmacêutico de alguém cujo papel principal era aviar receitas, para um prestador de diversos serviços e cuidados de saúde é algo de louvar e cuja ideia é recebida de braços abertos por qualquer farmacêutico motivado, pois permite uma aplicação mais abrangente dos conhecimentos adquiridos e uma maior afirmação da profissão em si. Até aqui estamos todos de acordo, mas o problema é que, fruto dos tempos de crise e de contenção orçamental, o lucro obtido pelas farmácias pela dispensa de medicamentos foi drasticamente reduzido, sendo que para a farmácia consiga manter os mesmos níveis de lucro (facturação) passou a ter que oferecer um número enorme de serviços extra.


Vejamos o que mudou apenas em meia dúzia de anos:
Há meia dúzia de anos o papel principal do farmacêutico era efectivamente aviar receitas (e todo o muito conhecimento que isso implica) e o aconselhamento farmacêutico à população sempre que solicitado e apropriado. Aconselhamento e tratamento de condições médicas mais simples através de medicamentos não sujeitos a receita médica. Só estes pontos descritos já são suficientes para tornarem a profissão bastante desafiante e exigente. (é uma realidade bastante diferente da Portuguesa, que dificilmente poderia ser bem explicada e que neste post não vale a pena).
A prestação de serviços extra, era praticamente inexistente, e resumia-se apenas à dispensa e supervisão de metadona e buprenorfina usados no tratamento da dependência de opióides.

Desde há meia dúzia de anos para cá verificou-se a tal transformação do papel do farmacêutico comunitário que acima referi.
Antes de mais, menciono o crescimento constante do número de items dispensados a nível nacional ("The number of prescription items dispensed in England rose nearly 70 per cent in the past decade while the cost to the NHS rose by 58 per cent, an NHS report showed.") Aumento de 70% nos últimos dez anos!


O "Pharmacy contract" é composto por três níveis distintos de prestação de serviços:
ESSENTIAL SERVICES - PROVIDED BY ALL CONTRACTORS;
ADVANCED SERVICES - CAN BE PROVIDED BY ALL CONTRACTORS ONCE ACCREDITATION REQUIREMENTS HAVE BEEN MET; AND
ENHANCED SERVICES - COMMISSIONED LOCALLY BY PRIMARY CARE TRUSTS (PCTS) IN RESPONSE TO THE NEEDS OF THE LOCAL POPULATION.


Dissecando um pouco diria que os Essential Services consistem no papel clássico do farmacêutico comunitário, que já descrevi acima. (aconselhamento e dispensa de medicação à população).

Os Advanced Services são protocolos a nível nacional que incluem serviços como os MUR – Medicines Use Review (The service consists of accredited pharmacists undertaking structured adherence-centred reviews with patients on multiple medicines, particularly those receiving medicines for long term conditions).
Neste serviço, para o qual o farmacêutico tem de adquirir qualificações e um diploma, o farmacêutico faz uma revisão da medicação com o utente, focando os mais diversos aspectos, como a adesão à terapêutica, adequação da forma farmacêutica, da posologia, da presença de efeitos secundários, verificação da eficácia sempre que possível, sugestão de medidas não farmacológicas para as condições apresentadas, a explicação sobre o funcionamento dos vários fármacos e sobre a importância dos mesmos. Por cada consulta destas, que poderá demorar entre 15 e 45 minutos, a farmácia recebe um pagamento de £28. O serviço é gratuito para o utente e pode ser feito a cada doze meses com um utente que tenha, no mínimo, recebido os três últimos meses de medicação da farmácia em questão.
-- > Tudo isto é muito interessante, verdade, mas durante esses 30 minutos em que o farmacêutico esteve na sua sala de consultas com o utente a fazer o tal MUR, nenhum medicamento saiu da farmácia, pois todas as caixas têm de ser verificadas e assinadas pelo farmacêutico e todas as receitas clinicamente validadas pelo mesmo. Durante esses mesmos 30 minutos, qualquer toxicodependente tem que aguardar pelo farmacêutico para que este supervisione e documente a toma da medicação.

Outro serviço bastante recente é o NMS – New Medicine Service (The new medicine service (NMS) was the fourth advanced service to be added to the NHS community pharmacy contract; It commenced on the 1st October 2011. The service provides support for people with long-term conditions newly prescribed a medicine to help improve medicines adherence; It is initially focused on particular patient groups and conditions)
Este serviço é oferecido a qualquer paciente que inicie terapêutica farmacológica em determinadas áreas (Asma, hipertensão, anticoagulantes e outras). Este serviço envolve três etapas e desenrola-se durante o primeiro mês de terapêutica. Obviamente que este processo envolve consultas entre o farmacêutico e o paciente (consultas presenciais ou pelo telefone) É uma iniciativa gratuita para o utente. O pagamento à farmácia pelo NMS é algo de bastante complexo, mas dará umas £20 por NMS completo.
-- > Tudo isto é muito interessante, verdade. Mas durante todos esses 15 a 30 minutos em que o farmacêutico esteve na sala de consultas com o utente a fazer o tal NMS ou numa consulta telefónica, nenhum medicamento saiu da farmácia, pois todas as caixas têm que ser assinadas pelo farmacêutico e todas as receitas clinicamente validadas pelo mesmo. Durante esses mesmos 30 minutos, qualquer toxicodependente tem que aguardar pelo farmacêutico para que este supervisione a toma da medicação.

Depois existem os Enhanced Services que são os mais variados serviços cujo financiamento e detalhes são acordados com os PCT's que constituem as autoridades de saúde regionais (equivalente às ARS - Administração Regional de Saúde)
Uma lista de possíveis Enhanced Services:

A minha farmácia por exemplo presta a maior parte destes serviços. Para todos é necessária formação e aquisição de qualificações específicas (por outras palavras, adquirir mais um diploma).
Por exemplo, a prestação da Pílula do dia seguinte (contracepção de emergência), envolve uma consulta entre o farmacêutico e a utente, que nunca demora menos de 15 minutos. Durante esses 15 minutos já sabem que a farmácia "pára". Numa farmácia como a minha em que todos os dias se faz a supervisão do consumo de metadona a mais de 50 toxicodependentes, fica um pouco "apertado".


Enfim, vim para aqui desabafar, mas a verdade é que o volume de trabalho está a adquirir proporções física e humanamente incomportáveis.

Durante os últimos 10 anos os salários dos farmacêuticos praticamente não variaram (o que tendo em conta a inflação, constitui uma redução significativa do salário) e a remuneração por hora dos farmacêuticos por conta própria (self-employed) teve uma redução real (isto nem considerando a inflação). Há 10 anos atrás, a vida de um farmacêutico no UK era realmente relaxada, e o financiamento da farmácia permitia o exercer de funções sem grandes pressões. Hoje tudo mudou, os farmacêuticos estão constantemente debaixo de pressões para prestação de serviços e passam o dia a "correr" de tarefa em tarefa. Quando o farmacêutico termina uma consulta de MUR com um utente e volta à "dispensary" é capaz de ter uns 10 utentes à espera da sua medicação mensal. Terá que verificar e ensacar tudo, por vezes contactar o prescritor, e responder a pedidos de aconselhamento por parte dos utentes. O entendimento da dimensão disto pode ser difícil para quem não conheça a realidade, mas a verdade é que apesar do congelamento dos salários dos farmacêuticos na última década, do aumento em 70% do número de items dispensados e da importantíssima implementação de todos os novos serviços, mais de 90% da farmácias britânicas continuam a ter apenas UM farmacêutico!! Isto num cenário de regulamentações apertadas sem espaço para erro humano e numa cada vez maior cultura estilo americano do processo em tribunal por qualquer erro ou aconselhamento errado.

Estou, efectivamente, a ficar fartinho. Outros farmacêuticos portugueses por cá que deixem a sua opinião sobre este tema (a corroborar ou a contradizer o que escrevi).
Como disse inicialmente, sou frequentemente contactado por farmacêuticos portugueses. Em alguns casos acabo por acompanhar o todo o processo inicial adaptação, e quase sempre acabo por receber emails ou conversas no chat a dizer qualquer coisa do género "tu dizias que aqui se trabalhava muito, mas isto é de loucos"...

Como estamos a chegar ao fim do ano vou fazer previsões para o futuro da profissão:
- Os mais velhos vão cada reformar-se ou mudar de profissão mais jovens. Vejo uma dificuldade enorme de farmacêuticos mais velhos, que estavam habituados ao bem bom, em acompanhar o ritmo actual.
- Saturação do mercado de trabalho e consequente descida de salários. As maiores cadeias de farmácias (mais de 55% do total das farmácias pertencem as estas companhias) já não recrutam activamente farmacêuticos europeus e na maior parte dos casos em que são contactadas directamente recusam candidaturas.
- PCT's - Primary Care Trusts (equivalente às ARS - Administração regional de saúde) vão ser extintos sendo que toda a gestão dos serviços de saúde vai passar a ser feita pelos centros de saúde (Portanto médicos de família). Na minha opinião, nada de bom para as farmácias virá daqui.
- Diversificação dos papeis dos farmacêuticos. Acredito que muitos farmacêuticos irão deixar a farmácia comunitária para trabalhar em Hospital e em Centros de Saúde ao lado dos médicos (muito concretamente na gestão e racionalização do orçamento anteriormente na mãos dos PCT's)

Se não estivesse verdadeiramente estável e feliz com a minha situação específica (e a Ana também razoavelmente feliz) já estaria a considerar mais seriamente outras possibilidades. Assim, e por enquanto, vou ali tomar um cocktail de sertralina com fluoxetina e citalopram.

PS: Peço desculpa aos que me contactaram via email e que ainda não receberam resposta. Fá-lo-ei.


PS2: Continua a haver farmácias pouquíssimo movimentadas onde o farmacêutico continua a poder "respirar" minimamente.


PS3: Na área hospitalar continua a haver falta de farmacêuticos, mas não conheço a realidade.


PS4: Continuo a ver com enorme frequência propostas de emprego para as ilhas da coroa britânica  (Falklands, Santa Helena, Bermudas, Ilhas Caimão) que apenas requerem três anos de experiência profissional. Cada vez que vejo um destes anúncios, vou sempre tratar de ver todos os pormenores da posição oferecida, e depois fico uma boa meia hora a "imaginar"...  No dia em que estiver ainda mais fartinho, não digo nada.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Second Bedroom - Job finished!

Ora viva caros seguidores,

Com este post metemos um ponto final na transformação dos dois quartos da nossa casa.
Há dois anitos fizemos o quarto1, numa empreitada que durou uns sete meses. Foi um processo de aprendizagem no qual demos algumas turras, mas que ficou tal como idealizamos. Demoramos sete meses, mas não havia pressa!

Desta vez foi diferente. Estávamos no inicio de Novembro e os sogros já com viagens compradas para vir cá passar o natal. Eu e a Ana no centro do quarto, comigo a argumentar que não daria tempo para acabar, ela a dizer que sim, eu a dizer que não ia deixar a minha cama caso não terminássemos a tempo, que seria então melhor fazer apenas uma redecoração mais ligeira.... Pouco tempo depois já estávamos a rasgar papel da parede, a levantar carpetes e a deitar as paredes abaixo.
E assim no final do dia olhamos para o quarto completamente destruído, e sabendo que estávamos num ponto sem retorno, engolimos em seco e fomos dormir com a cabeça a fervilhar de ideias.  (ao ponto de acordar um ao outro a meio do sono só para dizer "ah já sei como vamos fazer isto ou aquilo"...

Aqui está o post que fiz nesse primeiro dia em decidimos remodelar o segundo quarto.

Hoje, poucos dias depois de termos terminado o quarto (no mesmo dia em que chegaram os sogros!!) cá fica o post que completa o primeiro:






A foto-saga desde o primeiro dia pode ser vista aqui


No final do post das obras do primeiro quarto disse que não me voltaria a meter noutra. Desta vez não volto a dizê-lo. A verdade é que para quem trabalha full time pode ser um pouco exigente, mas não deixam de ser "exciting".

PS: Nas obras deste quarto eu fui claramente o engenheiro e a Ana o arquitecto.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

App of the day - Shazam

Boas tardes,

Enquanto bebo um chá, vou encher chouriços a ver se este blog é actualizado com mais frequência. Na altura que comprei o meu HTC, e ainda maravilhado com esse facto, escrevi um post sobre as fabulosas apps que é possível ter num smartphone.

Neste momento, quase 24 meses depois da compra do HTC, a realidade mostra que são poucas as apps que realmente são uteis e que se usam com frequência. A sugestão deste post é uma excepção, que me continua a maravilhar.
O Shazam (download grátis para Androids, não sei como é com os outros) é um programa que permite identificar musicas, bastando para isso que o telemóvel consiga "ouvir" a música por uns breves segundos. É tão eficaz, mesmo com ruído de fundo, que quando tento identificar uma música dou por mim a torcer para que o programa não consiga identificar a música. (só para que o meu ego diga algo como, "és bom, mas não conheces tudo").

Enfim, parece magia! Dou por mim muitas vezes a conduzir e a sacar do telemóvel todo atrapalhado para que consiga apanhar a música a tempo.

A última que identifiquei fica aqui como sugestão:


Chá terminado, vou meter o soalho no segundo quarto! Finalmente começo a ver o produto final a aparecer!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Feed the Yak...

and he will score.

Assim diz a musica, e assim foi. Enguiço quebrado com um poker do Yakubu.

Uns valentes meses depois finalmente vejo o Blackburn Rovers vencer uma partida ao vivo.
Desta vez foi ao contrário do que aconteceu muitas vezes, não jogamos nada (praí 40% posse de bola em casa), e acabamos por marcar quatro golos. Grande baile de bola que levamos de uma das equipas que melhor joga na premier league, o Swansea.

Independentemente do resultado uma coisa é certinha após o jogo, o ficarmos no bar dos sócios a beber uma ou duas cervejas antes de ir a pé para casa. Isto demora aí uns 30-45 minutos, e parece que é a melhor estratégia para apanhar as celebs (!) que vão ao estádio, senão vejamos:

No jogo do Chelsea ia a caminho de casa dando a volta ao estádio e apanho o AVB (Vilas-Boas) rodeado de fãs e jornalistas. Cá do fundo mando um "Ó Bilas Bouas" o que imediatamente cativa a sua atenção. Fui ter com ele, dar-lhe um bacalhau e agradecer-lhe pelos resultados da época passada no FCP. Eu com a t-shirt do Blackburn, a falar com sotaque português do norte, deixei-o um pouco perplexo, foi visível.

Ontem mais uma vez a caminho de casa e ainda dentro do recinto do estádio dou de caras com este personagem:
David Gest. O gajo estava a andar praí um metro à nossa frente com um ar confuso a olhar para todos os lados. Eu viro-me pró meu vizinho a dizer "olha-me este gajo com uma t-shirt do Rovers vestida", mas nem o meu vizinho nem o outro farmacêutico tuga daqui que também foi ao jogo, o conheciam.
Pelos vistos foi casado com a Liza Minnelli e era o "best mate" do Michael Jackson. Mais à frente entrou para um Mercedes de vidros escuros. Ainda estive para ir lá perguntar-lhe o que é que ele fazia ali com a t-shirt do Rovers vestida (o que depois de umas pints não custa nada), mas depois tive medo, dass, o gajo parece feito de cera.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dizem que Portugal segue o destino da Grécia

eu estive lá e não vejo mal nenhum nisso:






Mas que ricas férias de verão que passamos na ilha grega de Corfu.

Na rifa calhou-nos um bungalow (foto1) a dois ou três metros da água. Uma semana a ler, comer, dormir, apanhar sol, snokeling, beber uns copos e pouco mais.

Nota: Quando há meia duzia de anos pensava numa futura visita a países como Egipto (2010) e Grécia (2011) vinham-me à cabeça imagens como pirâmides, faraós, templos, Acrópole, anfiteatros e outros temas com algum contexto histórico e intelectualmente estimulantes. Acontece que se tratou de uma visão errada do que veio a acontecer. Isto constitui a prova de que trabalhar faz mal, pois este tipo de férias revelam uma necessidade do cérebro de passar uns dias de molho.


Já em vários outros post falei do meu fascínio sobre a forma como as pessoas se encontram, se conhecem e como o seu percurso (vida) se cruza. No caso da Grécia houve um casal que teve umas férias idênticas às nossas!
Apanharam o mesmo avião que nós a partir de Manchester para Corfu. Lá, apanharam o mesmo autocarro que distribuiu os turistas pelos hotéis da costa este da ilha. Saíram na mesma paragem para ficarem alojados no mesmo hotel. No dia em que decidimos fazer o passeio de barco pelo Adriático já lá estavam sentados no barco quando lá chegamos (soubemos depois que inicialmente tinham comprado bilhete para o dia anterior mas tinham adormecido). De regresso a casa apanhamos o mesmo autocarro para o aeroporto e o mesmo voo para Manchester para posteriormente termos descoberto que tínhamos o carro no mesmo parque de estacionamento. Acho curioso. São um casal porreiro, que por sinal já tinham ido muitas vezes a Portugal ao festival Boom e com quem tivemos um curto, mas interessante contacto.

sábado, 12 de novembro de 2011

To Hitchens

“If Christopher Hitchens didn't exist, we wouldn't be able to invent him.” —Ian McEwan




Comecei a procurar no youtube videos sobre o este pensador nascido na Inglaterra e quase três horas depois decido não meter nenhum.

PS: Para quem quiser ver mais, que procure o debate com o Tony Blair, ou The inteligence squared ou as suas entrevistas mais recentes.

sábado, 5 de novembro de 2011

A polémica do supositório!

Ora viva,

Já há bastante tempo que este blog não se debruça sobre qualquer tema relacionado com a área da farmácia. Acontece que só vale a pena fazê-lo caso o tema cause controvérsia, ou no mínimo, algum debate (exemplo1, exemplo2).

Desta vez a temática recai sobre o uso do supositório.

Confesso que nunca tinha perdido um segundo da minha actividade cerebral sobre a temática do uso correcto de um supositório. Nunca me tinha passado pela cabeça que houvesse alguma dúvida ou alguma ciência sobre este tema. Nunca, até recentemente.
Acontece que no facebook há um grupo muito interessante da área da farmácia, onde farmacêuticos relatam, sobretudo, histórias caricatas sobre o dia-a-dia da farmácia. Neste grupo sou um mero espectador e para dizer a verdade, pouco assíduo e nada participativo. Foi até a Ana, que também perplexa, me chamou a atenção para uma pergunta lançada neste grupo:
"Qual é a forma correcta de administração de um supositório"? A resposta dos meus colegas farmacêuticos foi unânime, no sentido em que um supositório deve ser inserido com a extremidade recta e não com a cónica!

Todos argumentaram que foi assim que aprenderam durante as aulas e que até constará nos manuais de tecnologia farmacêutica. Eu não me recordo, mas isso não serve minimamente de argumento. Confesso que me senti inferiorizado como um qualquer membro do público a ver argumentação de especialistas da área sobre determinado tema, uma vez que (na minha cabecinha) inserir um supositório "ao contrário" faz tanto sentido como uma mulher usar um vibrador ao contrário ou como um submarino lançar um míssil ao contrário.


Bom, o que é certo é que não fiquei, nem estou convencido. 
Cá ficam os meus argumentos:
Como ninguém consegue negar, é menos doloroso a inserção de um supositório pela parte cónica. É ainda mais fácil empurrar o supositório com o dedo contra a base recta e plana do mesmo.


Pesquisei em sites de referência e nos folhetos informativos de vários medicamentos e a informação obtida foi sempre a mesma: O supositório deve ser inserido com a extremidade cónica: (dulcolax, voltarol, netdoctor, patient.co.uk). Empresas como a Novartis e Boehringer Ingelheim iriam ter instruções erradas nos seus folhetos informativos? As entidades reguladoras (EMEA, FDA) permitiriam e aprovariam folhetos informativos com instruções erradas?

Mais importante do que qualquer opinião é este facto: Se a Novartis, companhia farmacêutica que desenvolveu o Diclofenac (Voltaren, Voltarol) coloca nos seus folhetos informativos que o supositórios devem ser inseridos através da parte cónica, é porque acredita que é essa a forma correcta. Isso implica que tenha sido essa a forma de administração durante todos os ensaios clínicos de desenvolvimento do medicamento. Todos os resultados de farmacodinâmica, farmacocinética e consequentemente doses e posologias recomendadas têm em conta esse facto. Uma administração de forma diferente não respeita o licenciamento do medicamento. (Por exemplo, um medicamento que seja esmagado e dissolvido em água é realmente mais fácil de engolir, mas isso não respeita o processo de desenvolvimento do medicamento nem o respectivo licenciamento do medicamento).

Não quero parecer um velho do restelo, mas acho que deve haver espírito critico parente qualquer estudo que nos seja apresentado, e sobretudo enquadrar isso na realidade.

Até ver, continuo a dar o aconselhamento que sempre dei.

Agora crucifiquem-me aqui na praça pública.

PS1: Se eu estivesse seguro de que alguma informação contida num folheto informativo de um medicamento estivesse errada, imediatamente exerceria o meu dever de farmacêutico e contactaria as entidades responsáveis a alertar para tal facto.

PS2: Creio piamente que qualquer que seja o sentido em que seja inserido um supositório, o efeito clínico será o mesmo, ou na pior das hipóteses muito semelhante.

PS3: O youtube nunca permitiria a publicação de uma falácia:

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tesco's Olive Oil episode

Se há coisa que uso todos os dias na cozinha, é o azeite. Gosto de usar o azeite em quase tudo, e gosto que o mesmo seja bom. Nem é pelo sabor que fico fã ou não de um azeite, mas mais pela sua espessura e consistência.

Esta semana acabamos com o azeite cá em casa e a anita no fim do trabalho lá passou pelo Tesco e trouxe uma garrafita "à experiência". O azeite virgem extra lá mostrou ter as propriedades desejadas, mas quando a anita me disse que o preço que tinha pago tinha sido £2,69 por litro eu reagi de forma um pouco abrupta ao dizer que ela estaria errada, que tal não era possível (ou que a garrafa não seria de litro, ou que ela teria visto mal). Como em qualquer casal, cada um tem a area of expertise, e na mesma proporção em que não sei o preço médio do amaciador da roupa, percebo do azeite, e portanto nunca tinha visto um azeite abaixo dos £3,30 por litro e mesmo esses são os azeites a dar a óleo.

Hoje, dia de folga, e após uma caminhada matinal lá passamos pelo Tesco:

Ou seja, a garrafa de azeite de 1 litro do azeite virgem extra do Tesco a £2,69 enquanto que na prateleira de cima, a garrafa de 0,75l do mesmo azeite a £3,53! Só pode ter sido um erro na atribuição dos preços por parte desta cadeia de supermercados. Isto significa que de alguma forma ambos tínhamos razão, o preço era realmente esse tal como a Ana disse, mas era um preço impossível tal como eu argumentei.

Ora bem, e assim lá metemos no carrinho todas as garrafas de azeite de litro (10 no total). Aliás, como estávamos um  pouco perplexos com a situação, ficamos algum tempo a olhar para as prateleiras e eu até peguei no telemóvel para tirar a foto acima antes de meter as duas últimas garrafas de azeite no carrinho. Enquanto me preparava para tirar uma foto uma senhora aproximou-se da prateleira, olhou de relance para as garrafas de azeite em questão, e achou por bem levar a garrafinha mais pequena de 0,75L pelos £3.53!


Duas situações a reflectir sobre este post aborrecido:
1) Não senti qualquer culpa em tirar partido de um claro erro do hipermercado. Uma companhia que faz milhões, e ainda por cima a que pior paga aos farmacêuticos na farmácias que tem. Se se tratasse do comércio local seria outra história.

2) Quando vi a senhora a pegar na garrafa de 0.75L (preço por litro = £4,70) fiquei pasmado e ainda dei  um passo atrás dela para a chamar à atenção, mas depois parei, primeiro porque era menos uma garrafa que eu levaria e depois porque que acho que cada um deve pagar as consequências da própria "burrice".

Fazem compras desta forma sem olhar a preços e depois queixam-se da crise! Não há pachorra.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

the coolest eva

debit card,

Não contente com o facto de já ter mostrado o meu cartão multibanco a todos os amigos, venho para aqui procurar paz interior ao mostrá-lo a todo o mundo.

O meu banco, Halifax, dá a oportunidade a que todos os seus clientes com mais de 1 milhão de libras na conta tenham um cartão personalizado.

Assim fiz:

Estejam preparados para todo o tipo de reacções por parte do staff dos locais onde paguem com o cartão.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Enguiço

Boas,


Sinto de necessidade de partilhar neste blog o enguiço que se abateu sobre mim, e ainda mais importante, de obter aconselhamento sobre o assunto.
Tal como já tinha dito anteriormente este ano sou sócio do Blackburn Rovers, clube da terra. Dá para quebrar a rotina da farmácia, dá para conviver, dá para beber uns copos. Acontece que o Blackburn tem perdido todos os jogos em casa esta época. Minto, é pior do que isso, tem perdido todos os jogos a que eu vou assistir. A 17 de Setembro estava eu em Portugal, e aí não só não perderam, como ganharam 4-3 ao Arsenal! Começo a sentir-me incomodado com o rotulo de "mascote do azar" que começo a ganhar dentro do meu grupo de malta que vai ao estádio... 

Não sei o que fazer! Está certo que os adversários Arsenal, Man City, Tottenham, e o Chelsea na próxima jornada em casa fazem uma sequência complicada.
Se fosse uma equipa da regional de Braga, sei que bastava urinar (diz-se mijar em Braga) na bola do jogo ou contra o poste de uma baliza e o enguiço passava logo, neste caso não sei.

PS: Agora que sei o quanto é duro perder com esta frequência e nunca ganhar nada vou passar a ter mais respeito por todos os meus amigos e leitores do blog que apoiam o Benfica, porque realmente é duro.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Viver no UK: Gastos obrigatórios

Boas noites,

Visto que a maior parte das visitas que por aqui passam continuam a ser de Portugal, vou aqui de forma resumida responder a uma das perguntas mais comuns que recebo: Quanto é que se gasta em média para viver no UK?

Os valores apresentados, são os da minha própria experiência, pelo que outras pessoas terão gastos relativamente diferentes dos nossos.

Electricidade: £30/mês (Média do nosso último ano. A maior parte gasta mais)
Gás: £30/mês (Média do nosso último ano. A maior parte gasta mais)
Água: £22/mês (No nosso caso é um valor fixo independentemente da água consumida. andará na média)

Council Tax: £100/mês durante 10 meses por ano. (Isto é o imposto municipal pago à câmara municipal pelas despesas de polícia, bombeiros, recolha de lixo etc etc. Este valor varia de região para região e em função do valor da casa. £100/mês é mesmo o mínimo que alguém pagará. Quem viver sozinho numa casa tem direito a desconto de 25% no nosso council.)

Telefone + Internet: Acabamos por pagar em média £20-£22 mês. (No nosso caso tem o bónus de chamadas ilimitadas para Portugal)

TV Licence: £145/ano (Taxa única, mais barata apenas para quem comprar TV licence para TV a preto e branco!Isto não é nenhum serviço de tv cabo, é apenas para podermos ter televisão! Mesmo quem apenas tem computador ou portátil deve pagar este montante uma vez que pode aceder a conteúdos televisivos pela internet. A vantagem é que a televisão capta em canal aberto uma porrada de canais sem necessidade de subscrição que qualquer pacote de canais.)

Telemóvel: £10 - £15/mês (£10 eu que tenho 100min, 100sms, net ilimitada e 60min para Portugal, £15 no caso da Ana que tem mais minutos e sms fruto da vida social muito mais agitada :p. Neste campo a maior parte das pessoas gasta bem mais).

Carro: (Quem vive e trabalha numa grande cidade normalmente opta por não ter carro)
1) Inspecção: £35-£50. Feita anualmente.
2) Selo de circulação. £30/ano. (isto no meu caso e da Ana pois temos carros com baixas emissões de CO2. Custo médio será pelas £95 e £190)
3) Seguro automóvel: Este é que é a verdadeira dor de cabeça! No meu caso foi cerca de £800, no da Ana £500. Qualquer um acabado de chegar cá, sobretudo se tiver menos de 25 anos deverá contar com £1500-£2000 por ano.

Aluguer de casa: Diria que acima de Birmingham devem esperar pagar entre £450-£550/mês por uma casa com dois quartos, ou com um quarto apenas se se tratar de um apartamento xpto. Abaixo de Birmingham é outra história, mas perguntem a quem lá vive.


Este post não tem por objectivo funcionar como dissuasor ou promotor da vinda para o UK, apenas tem um objectivo informativo.

domingo, 9 de outubro de 2011

New series of "DIY for beginners" are back

Ora viva,

Quem é seguidor do blog há mais de um ano já conhece a missão que eu e a Ana abraçamos depois de termos comprado a casa onde vivemos: Acabar com alcatifas e papel de parede.

A prioridade absoluta recaiu no quarto principal onde dormimos, e que por sinal era o que estava em pior estado. A saga dessa primeira experiência que durou uns penosos sete meses ficou relatada aqui. Várias vezes comentamos entre nós que não nos voltaríamos a meter noutra semelhante. Acontece que a memória é curta!






A verdade é que este segundo quarto não tem servido apenas de quarto de arrumações, e com visitas regulares de tão ilustres personalidades, chegou a hora de dar um facelift ao quarto.

Com a experiência adquirida no primeiro quarto, não deverá ser muito difícil. A única coisa que me deixa um pouco desassossegado é saber que tenho visita dos sogros para o natal e que no último projecto demoramos sete meses!

Foi assim que este fim de semana quebramos a rotina de trabalhar numa farmácia.


PS: Pelas fotos até pode parecer que não havia necessidade e que o quarto estaria bem, mas um quarto com uma tomada eléctrica apenas, com uma carpete roxa e paredes pouco lisas com várias camadas de papel de parede já não se usa, e além disso não há mesmo nada para fazer nos dias curtos de inverno.

Se isto não é uma partida do belzebu...

...então não sei explicar.

Já em posts anteriores (post1post2) tinha falado das demasiadas coincidências à volta do 666, mas até agora o belzebu nunca tinha pregado partidas.

Ora bem, acontece que, tal como já referi algumas vezes, sendo empregado por conta própria (self-employed) tenho que manter um registo detalhado da minha actividade profissional. Isto é simples e envolve registar os detalhes da farmácia onde prestei os meus serviços, detalhes do total viajado, e detalhes do pagamento. Até agora mantive sempre um registo bastante organizado no portátil, fazendo regularmente cópias de segurança.
Com a chegada do verão e uma agenda social mais preenchida, ou talvez devido a uma maior dependência do meu smartphone, desleixei-me um pouco, e desde Maio que apenas fazia um cuidadoso registo da minha actividade profissional numa das apps do meu smartphone.
Desde Maio que em ocasiões esporádicas o meu subconsciente me ia murmurando que não se sentia confortável com o facto de ter toda a informação num objecto apenas, objecto esse sujeito e perda, roubo, estrago e sabe-se lá mais o que.

Ora bem, chegou Outubro, e lá tive que ceder aos apelos dos subconsciente.
2h00am, no conforto da minha sala, lá me sentei no sofá com o portátil no colo e o telemóvel na mão pronto a transferir toda a informação para uma folha exel onde organizo toda a informação necessária, da qual posteriormente faço cópia de segurança. Pronto para começar, e antecipando um par de horas de trabalho, decido ir buscar uma chávena de chá verde.
Provo o chá, pouso a chávena, pego no telemóvel, escorrega-me o telemóvel que cai dentro do chá. Escusado será dizer que apesar de uma rápida intervenção o telemóvel deixou de funcionar.



PS1: Desde Maio, e durante este meses todos em que pouco me preocupei com a segurança da informação guardada no telemóvel, o telemóvel andou comigo todos os dias, deu grandes caminhadas, subiu penhascos, andou de avião, foi à Grécia, e até andou de kayak e nada. No dia em que me preocupo e que decido fazer algo, o telemóvel afunda-se numa chávena de chá...Como disse no início, se isto não é obra do Belzebu, então não sei.

PS2: Durante duas horitas devo ter disparado palavrões à velocidade de uma metralhadora até que desisti e fui prá cama acordar a Ana e relatar o meu drama. Após uma noite todo desmontado a secar, o telemóvel acordou a funcionar a meio gás, e durante o dia teve alta do acidente da noite anterior.
Fiquei aliviado,mas irritado com as horas de irritação que passei.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Three Peak Challenge e outras caminhadas que tais

Ora viva!

Fiel à tradição de relatar aventuras com uns meses de atraso cá vou falar do nosso desporto favorito de Verão. Bem, isto  para quem já foi atleta de "altíssimo" nível, descrever meras caminhadas como desporto é um pouco embaraçoso, mas é algo que tenho que aceitar com este avançar da idade.

Aqui pelo UK há a forte tradição de fazer caminhadas, não só pela actividade física em si, mas muito pelo acto de contemplação da natureza. É também muito comum a existência de rotas e percursos já definidos, sendo que muitos dos quais estão associados a desafios, o que de certa forma provoca algum fascínio em mim. (Equivalente ao fascínio que muita gente tem em fazer o Caminho de Santiago, por exemplo).

O Three Peak Challenge of Yorkshire foi algo que já tinha tentado combinar há mais de um ano, mas por várias razões nunca tinha acontecido. Desta vez lá acertei datas, inicialmente com uma "amiga do facebook" (uma farmacêutica Checa) que até à data ainda nem tinha conhecido pessoalmente, e mais tarde com outros amigos e lá ficou marcado para 19 de Junho (Não foi ao acaso o facto de termos planeado esta caminhada para um dos dias mais longos do ano).

O Site (http://www.3peakswalks.co.uk/ ou http://www.threepeakschallenge.com ) sobre este desafio diz: There are two walks in the UK that are generally known as the "Three Peaks Walk". The first is the National Three Peaks Walk, which takes in the summits of Ben Nevis, Scafell Pike and Snowden within 24 hours, and the second is the Three Peaks of Yorkshire, which takes in Pen-y-ghent, Whernside and Ingleborough within 12 hours. Of course you do not need to do the walks in these times, but they are the traditional times set to make both the ventures a challenge.
This site at present concentrates solely on the Yorkshire Three Peaks Walk, but at some future point in time will be extended to cover the National Three Peaks Walk as well.
The Yorkshire Three Peaks Walk is a very demanding but rewarding walk, which takes in the summits of Pen-y-ghent (694 metres - 2,276 feet), Whernside (736 metres - 2,415 feet) and Ingleborough (723 metres  2,372 feet) all in one circular route. There is no set starting point, but the vast majority of walkers start at Horton-in-Ribblesdale, taking in the summits in the order shown above.

Portanto, não se trata do National Three Peak Challenge que consiste em subir os pontos mais altos da Escócia, Inglaterra e Gales em 24 horas. Parece aliciante, mas envolve alguma logística e muita viagem de carro. Um dia talvez.

Quanto ao Three Peak Challange of Yorkshire, consiste numa caminhada que envolve três cumes em Yorkshire. O desafio é fazer em menos de 12 horas.
Reza a tradição que há um café que faz a cronometragem da caminhada, ou seja, onde se faz um check-in e um check-out, e que até informa as autoridades no caso de algum dos participantes não aparecer no final do dia (pelos vistos já não fazem este serviço nos dias de hoje).

Percurso:
Bem, com tudo planeado lá marcamos encontro no café oficial da caminhada pelas 6h00 da manhã. Nós, três amigos Portugueses aqui da zona, e uma casal de amigos virtuais que passariam a reais após este dia. (Uma farmacêutica Checa e o namorado Inglês que é optometrista.)

Marcamos cedo mas totalmente confiantes que a marca das 12 horas seria para que os velhotes terminassem dentro do tempo limite e que em 7 a 8 horas já estaríamos de volta aos carros. E não é que estavamos bem enganados?

Logo de manhã apanhamos pela frente um dia de muito nevoeiro e com aquela chuva molha-tolos. Ao fim de menos de duas horas já estávamos no topo do primeiro pico, completamente encharcados e o grupo reduzido a quatro pessoas das sete iniciais (Por ingenuidade um dos participantes com um problema num joelho pensou que seria mais fácil, e os outros dois do "carro dele" tiveram que desistir).

Não vou descrever ao pormenor toda a caminhada, mas diria em jeito de resumo que foi bastante duro mesmo. Basta imaginar o que é caminhar durante 12 horas ora a descer ora a subir por vezes por "caminhos de cabras". Realmente dá cabo das pernas e dos pés. O pior mesmo foi a chuva e o nevoeiro, pois caminhar uma ou duas horas à chuva ainda se tolera, mas quando isso acontece durante quase 12 horas e sem tempo para secar a roupa entre os chuviscos, aí já é outra história!  No final lá completamos a caminhada em 11h15! Nós e muita gente com quem nos cruzamos durante todo o percurso. (o que foi surpresa tendo em conta o estado do tempo).

Apesar de tudo, o dia valeu muito a pena pelas belas paisagens que contemplamos quando o nevoeiro abriu, a pela excelente conversa que sempre fluiu.

Algumas fotos
(topo do 3º pico. Depois daqui foi sempre a descer para chegada)

Mas para mostrar que no UK também há dias de sol, que tornam estas caminhadas em momentos agradáveis cá fica outra caminhada que fizemos este Verão no Lake District.

Esta caminhada foi em Wasdale no Lake District. No Sábado ficamos em Lancaster, uma cidade bem porreira, e no Domingo de manhã lá iniciamos esta caminhada bem cedinho.

E que bem que sabe chegar ao fim de uma dia inteiro de caminhada e alapar num Pub a comer qualquer coisa típica, no meu caso "Bangers and Mash" ,ou seja, Salsichas com Puré e com uma Pint a acompanhar. Estes prazeres da vida não têm preço!

Mais fotos

Como já tinha escrito num post anterior a propósito de outro caso, gosto muito quando provamos que este mundo é realmente pequeno ao conhecermos pessoas de tão longe com quem afinal já tivemos algum ponto em comum. Desta vez falo desta farmacêutica Checa, a L.
Há uns anos atrás, a um Sábado de manhã fui trabalhar numa farmácia já perto do lake district (praí 50 km de casa). Ao falar com o membro do staff que me acompanhava fiquei a saber que a farmacêutica regular era  da República Checa, Como eu tinha "estudado" na República Checa durante 4 meses lá  lhe deixei uma mensagem a relatar este facto. Ela achou curioso e conseguiu a arranjar o meu número de telemóvel, e desde aí lá mantivemos contacto. Curioso é o facto de termos estudado na mesma universidade durante 4 meses, vivido na mesma residência universitária e até termos identificado noites em que ambos estivemos presentes na Disco local! Acho estes encontros e histórias resultantes na mobilidade humana uma verdadeira delícia.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

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1 - Cinema - Orange Wednesdays


Ora bem, desde que cá cheguei ao UK só fui praí umas 3 ou 4 vezes ao cinema, muito pela simples razão de achar que é demasiado caro. Não sou forreta, só acho que tudo tem um preço, e detesto pagar mais do que é merecido por qualquer coisa, sobretudo quando a experiência oferecida pelo cinema é pouco melhor que aquela que podemos ter em casa com as fabulosas televisões que hoje em dia temos em casa e sem o desconforto de pipocas a voar por todo o lado e alguém e empurrar a nossa cadeira com os joelhos.


Convivi confortavelmente com esta atitude até ao lançamento do "Inbetweeners the film". Há coisas que não dá para adiar, e comecei a ficar angustiado, a dormir mal e ficar de mau humor com a ideia de ainda não ter visto este filme. Ora bem, decidi então ir ao google e pesquisar "cheap cinema tickets", "cinema vouchers" etc até que fui dar ao site MSE que já referi outras vezes. Aí descobri o "Orange Wednesdays". Os clientes da operadora de telemóvel Orange podem enviar uma sms com o texto "FILM" para o nr 241 e recebem um código que lhes permitem ter um bilhete grátis na compra de um bilhete de cinema às  quartas-feiras. E não é que eu e a Ana temos as quartas-feiras de folga todas as semanas?! mesmo a calhar.
Eu não era cliente da Orange, mas seguindo as instruções no site mencionado encomendei logo um cartão da Orange que prontamente me chegou a casa pelo correio. (não tem carregamentos obrigatórios nem tão pouco tenho que fazer chamadas, apenas vai viver no meu velhinho nokia e acordar nas terças-feiras antes das quartas-feiras que queira ir ao cinema! 35p a sms).


Assim lá tivemos os 2 bilhetes por £7,50 (em vez de £15)


Quanto ao filme tenho a dizer que está lá, 5 estrelas.
Esta série, que já aqui falei, atingiu uma fama que não poderia de forma alguma ser expectável. Deu para sentir por parte da audiência algum culto da série.
Trailer:



(admito que à partida, apenas vendo o trailer, possa parecer mais um "American Pie" versão inglesa)


Os Inbetweeners é uma série sobre um grupo de quatro amigos, que vivem nos arredores de Londres, e que acompanha a sua vida ao longo do percurso na Escola Secundária. O filme surge como capitulo final nas férias de verão entre escola e Universidade.


Esta série é do mais rude que pode existir mas ao mesmo tempo um retrato muito realista do UK e está classificada como para maiores de 18, apesar dos actores representarem personagens com 15 até 18 anos.
Se ficarem tentados a ver, por amor de Deus, comprem na Amazon as 3 séries (£13), e só depois comprem os bilhetes para o filme.
Mais uma vez, está 5 estrelas ao ponto de ter passado a quinta-feira a rir sozinho e com aquele aperto idêntico ao que se sente quando se vem de umas férias fabulosas... "acabou, não vai voltar, nãooooooooooooooo"


PS: Vivo em Blackburn, sou sócio do Backburn Rovers e trabalho em Burnley. A rivalidade entre Burnley e Backburn é EXTREMA (igual ou pior que Braga vs Guimarães), ultrapassando mesmo o futebol. Gostei muito quando numa determinada parte do filme, Burnley veio à baila (jovens de Burnley em férias na Grécia) e um dos personagens principais comenta "Burnley is shit anyway", e toda a plateia no cinema (Backburn) começa e celebrar como se estivesse num estádio de futebol e tivesse sido golo!
PS2: Gostei também de ver um personagem com a tattoo do Blackburn Rovers no braço!




2 - Internet Surveys


E não é que funciona? Aqui não se trata de poupar dinheiro, mas de fazer dinheiro. Já estou registado com alguns sites de "sondagens" (internet surveys) praí há 3 anos. A verdade é que raramente me dou ao trabalho de prestar atenção a estes "surveys", acabando por fazer menos do que um por mês. Lembrei-me porque enquanto esperava que a Ana chegasse do trabalho para irmos ao cinema lá recebi um email a convidar para mais um survey. 10 min e pagavam £1. Achei justo e fiz.


Em 3 anos terei feito £40 a £50, mas é possível ganhar muitíssimo mais para quem tiver disponibilidade. (ainda agora recebi convite para um survey que dura 15min e pagariam £1,5)


Os melhores sites de surveys:
http://www.panelbase.net/
http://uk.lightspeedpanel.com/


(são os melhores pois pagam em dinheiro. Não tenho paciencia para ganhar "vouchers")




Abraço

domingo, 28 de agosto de 2011

Como apanhar uma carroça num restaurante Inglês sem ficar a pedir?

Só recentemente descobri como!

Há coisa de uma semana atrás eu e a Ana fomos, com outro casal cuja rapariga trabalha com a Ana,  jantar a um restaurante ligeiramente diferente do normal.

A Ana já lá tinha ido anteriormente num jantar da farmácia, e tinha ficado com vontade de lá voltar. É um restaurante ligeiramente diferente na medida em que é em todos os aspectos um ambiente o mais familiar possível. A "casa", é verdadeiramente uma casa normal, o que por cá se chama uma terraced house (casa geminada) cuja sala da frente foi transformada em sala de jantar do "restaurante". O Restaurante é propriedade de um casal de italianos, que são a totalidade dos funcionários. Ele cozinha, e ela serve às mesas. Outro pormenor é que não têm licença para venda de bebidas alcoólicas. Curiosamente isto não significa que não se possa beber álcool no restaurante, apenas não se pode vender, daí que é aceitável que os clientes levem as suas bebidas (!)

Outro pormenor deste restaurante é que só abre alguns dias por semana, e que fecha consoante as férias do casal de proprietários. (Pelos vistos fecha aos três meses de cada vez quando o casal vai passar uns tempos a casa (Itália)).
Talvez por causa da boa comida ou pelo conceito em que os clientes levam as próprias bebidas, ou então por ambos, é um local bastante concorrido e é essencial marcação prévia para conseguir lugar.

Na sexta-feira 10 minutos antes da hora marcada estacionamos o carro na rua do restaurante. Foi fácil identificar o restaurante, bastando para tal seguir os transeuntes com garrafas de vinho e cerveja mão. Com o local identificado lá saí do carro munido de um Dão tinto e de saca-rolhas no bolso.


Ao passar a porta constatei que as dimensões da sala de jantar eram inferiores às da minha sala em casa, e que a contar com as 4 pessoas da nossa mesa éramos 22 pessoas no total! Isto significa que estava bastante cheio, ao ponto de pessoas terem que se levantar das suas mesas para que outras pudessem ir ao WC ou lá fora fumar um cigarro.

Em jeito de resumo diria que a comida estava muito boa, a um preço bastante acessível. Talvez porque permitem que os clientes levem bebidas alcoólicas, as bebidas não alcoólicas vendidas no restaurante eram super baratas, como coca-cola a 65p. O ponto negativo é que o facto de ser um espaço muito pequeno, que estando cheio de gente bastante alcoolizada é uma barulheira desgraçada... Mas não há como sair do restaurante não satisfeito, pela qualidade da comida, pelo preço acessível, porque já se sai de lá bem regado com vinho de qualidade, e pelo esforço que aquele casal não tem que fazer para conseguir servir tantos clientes daquela forma.

PS:  A minha masculinidade saiu de rastos daquele jantar. Da minha garrafa de Dão tinto que levei bebi pouco mais que meia garrafa. Já por outro lado a colega da Ana bebeu sozinha uma garrafa inteirinha de um vinho branco, e pior que tudo, ficou na mesma. Não há pedal para estes bifes no que toca a beber!

PS2: Detestei o vinho tinto Dão. Já não estou habituado a um sabor tão acre e adstringente. Prefiro tintos alentejanos ou do Sul de Espanha.