Ora viva.
O número crescente e constante de emails que continuo a receber sobre o tema da farmácia no Reino Unido "obriga-me" a voltar a este tema. Vou escrever este post num estado de motivação profissional perigosamente baixo.
Trabalho como farmacêutico comunitário no Reino Unido há quase cinco anos, e assisti durante esse tempo a uma transformação absolutamente incrível na realidade do papel do farmacêutico e no dia-a-dia da farmácia.
Em 2008 foi publicado o Pharmacy White Paper, e que revolucionou todo o papel do farmacêutico comunitário e todo o financiamento da farmácia.
Pharmacy White Paper
O número crescente e constante de emails que continuo a receber sobre o tema da farmácia no Reino Unido "obriga-me" a voltar a este tema. Vou escrever este post num estado de motivação profissional perigosamente baixo.
Trabalho como farmacêutico comunitário no Reino Unido há quase cinco anos, e assisti durante esse tempo a uma transformação absolutamente incrível na realidade do papel do farmacêutico e no dia-a-dia da farmácia.
Em 2008 foi publicado o Pharmacy White Paper, e que revolucionou todo o papel do farmacêutico comunitário e todo o financiamento da farmácia.
Pharmacy White Paper
The Government published its long awaited White Paper on pharmacy - Pharmacy in England - Building on Strengths, Delivering the Future on 3rd April 2008.
It contains a great many proposals to expand the role of community pharmacy. Work to implement proposals begins immediately, with NHS Employers acting on behalf of Primary Care Trusts, and PSNC discussing a number of key issues. The community pharmacy contractual framework will be refreshed over the next two years, as new services are developed.
A mudança do papel do farmacêutico de alguém cujo papel principal era aviar receitas, para um prestador de diversos serviços e cuidados de saúde é algo de louvar e cuja ideia é recebida de braços abertos por qualquer farmacêutico motivado, pois permite uma aplicação mais abrangente dos conhecimentos adquiridos e uma maior afirmação da profissão em si. Até aqui estamos todos de acordo, mas o problema é que, fruto dos tempos de crise e de contenção orçamental, o lucro obtido pelas farmácias pela dispensa de medicamentos foi drasticamente reduzido, sendo que para a farmácia consiga manter os mesmos níveis de lucro (facturação) passou a ter que oferecer um número enorme de serviços extra.
Vejamos o que mudou apenas em meia dúzia de anos:
Há meia dúzia de anos o papel principal do farmacêutico era efectivamente aviar receitas (e todo o muito conhecimento que isso implica) e o aconselhamento farmacêutico à população sempre que solicitado e apropriado. Aconselhamento e tratamento de condições médicas mais simples através de medicamentos não sujeitos a receita médica. Só estes pontos descritos já são suficientes para tornarem a profissão bastante desafiante e exigente. (é uma realidade bastante diferente da Portuguesa, que dificilmente poderia ser bem explicada e que neste post não vale a pena).
A prestação de serviços extra, era praticamente inexistente, e resumia-se apenas à dispensa e supervisão de metadona e buprenorfina usados no tratamento da dependência de opióides.
Desde há meia dúzia de anos para cá verificou-se a tal transformação do papel do farmacêutico comunitário que acima referi.
Antes de mais, menciono o crescimento constante do número de items dispensados a nível nacional ("The number of prescription items dispensed in England rose nearly 70 per cent in the past decade while the cost to the NHS rose by 58 per cent, an NHS report showed.") Aumento de 70% nos últimos dez anos!O "Pharmacy contract" é composto por três níveis distintos de prestação de serviços:
ADVANCED SERVICES - CAN BE PROVIDED BY ALL CONTRACTORS ONCE ACCREDITATION REQUIREMENTS HAVE BEEN MET; AND
ENHANCED SERVICES - COMMISSIONED LOCALLY BY PRIMARY CARE TRUSTS (PCTS) IN RESPONSE TO THE NEEDS OF THE LOCAL POPULATION.
Dissecando um pouco diria que os Essential Services consistem no papel clássico do farmacêutico comunitário, que já descrevi acima. (aconselhamento e dispensa de medicação à população).
Os Advanced Services são protocolos a nível nacional que incluem serviços como os MUR – Medicines Use Review (The service consists of accredited pharmacists undertaking structured adherence-centred reviews with patients on multiple medicines, particularly those receiving medicines for long term conditions).
Neste serviço, para o qual o farmacêutico tem de adquirir qualificações e um diploma, o farmacêutico faz uma revisão da medicação com o utente, focando os mais diversos aspectos, como a adesão à terapêutica, adequação da forma farmacêutica, da posologia, da presença de efeitos secundários, verificação da eficácia sempre que possível, sugestão de medidas não farmacológicas para as condições apresentadas, a explicação sobre o funcionamento dos vários fármacos e sobre a importância dos mesmos. Por cada consulta destas, que poderá demorar entre 15 e 45 minutos, a farmácia recebe um pagamento de £28. O serviço é gratuito para o utente e pode ser feito a cada doze meses com um utente que tenha, no mínimo, recebido os três últimos meses de medicação da farmácia em questão.
-- > Tudo isto é muito interessante, verdade, mas durante esses 30 minutos em que o farmacêutico esteve na sua sala de consultas com o utente a fazer o tal MUR, nenhum medicamento saiu da farmácia, pois todas as caixas têm de ser verificadas e assinadas pelo farmacêutico e todas as receitas clinicamente validadas pelo mesmo. Durante esses mesmos 30 minutos, qualquer toxicodependente tem que aguardar pelo farmacêutico para que este supervisione e documente a toma da medicação.
Outro serviço bastante recente é o NMS – New Medicine Service (The new medicine service (NMS) was the fourth advanced service to be added to the NHS community pharmacy contract; It commenced on the 1st October 2011. The service provides support for people with long-term conditions newly prescribed a medicine to help improve medicines adherence; It is initially focused on particular patient groups and conditions)
Este serviço é oferecido a qualquer paciente que inicie terapêutica farmacológica em determinadas áreas (Asma, hipertensão, anticoagulantes e outras). Este serviço envolve três etapas e desenrola-se durante o primeiro mês de terapêutica. Obviamente que este processo envolve consultas entre o farmacêutico e o paciente (consultas presenciais ou pelo telefone) É uma iniciativa gratuita para o utente. O pagamento à farmácia pelo NMS é algo de bastante complexo, mas dará umas £20 por NMS completo.
-- > Tudo isto é muito interessante, verdade. Mas durante todos esses 15 a 30 minutos em que o farmacêutico esteve na sala de consultas com o utente a fazer o tal NMS ou numa consulta telefónica, nenhum medicamento saiu da farmácia, pois todas as caixas têm que ser assinadas pelo farmacêutico e todas as receitas clinicamente validadas pelo mesmo. Durante esses mesmos 30 minutos, qualquer toxicodependente tem que aguardar pelo farmacêutico para que este supervisione a toma da medicação.
Depois existem os Enhanced Services que são os mais variados serviços cujo financiamento e detalhes são acordados com os PCT's que constituem as autoridades de saúde regionais (equivalente às ARS - Administração Regional de Saúde)
Uma lista de possíveis Enhanced Services:
A minha farmácia por exemplo presta a maior parte destes serviços. Para todos é necessária formação e aquisição de qualificações específicas (por outras palavras, adquirir mais um diploma).
Por exemplo, a prestação da Pílula do dia seguinte (contracepção de emergência), envolve uma consulta entre o farmacêutico e a utente, que nunca demora menos de 15 minutos. Durante esses 15 minutos já sabem que a farmácia "pára". Numa farmácia como a minha em que todos os dias se faz a supervisão do consumo de metadona a mais de 50 toxicodependentes, fica um pouco "apertado".
Enfim, vim para aqui desabafar, mas a verdade é que o volume de trabalho está a adquirir proporções física e humanamente incomportáveis.
Durante os últimos 10 anos os salários dos farmacêuticos praticamente não variaram (o que tendo em conta a inflação, constitui uma redução significativa do salário) e a remuneração por hora dos farmacêuticos por conta própria (self-employed) teve uma redução real (isto nem considerando a inflação). Há 10 anos atrás, a vida de um farmacêutico no UK era realmente relaxada, e o financiamento da farmácia permitia o exercer de funções sem grandes pressões. Hoje tudo mudou, os farmacêuticos estão constantemente debaixo de pressões para prestação de serviços e passam o dia a "correr" de tarefa em tarefa. Quando o farmacêutico termina uma consulta de MUR com um utente e volta à "dispensary" é capaz de ter uns 10 utentes à espera da sua medicação mensal. Terá que verificar e ensacar tudo, por vezes contactar o prescritor, e responder a pedidos de aconselhamento por parte dos utentes. O entendimento da dimensão disto pode ser difícil para quem não conheça a realidade, mas a verdade é que apesar do congelamento dos salários dos farmacêuticos na última década, do aumento em 70% do número de items dispensados e da importantíssima implementação de todos os novos serviços, mais de 90% da farmácias britânicas continuam a ter apenas UM farmacêutico!! Isto num cenário de regulamentações apertadas sem espaço para erro humano e numa cada vez maior cultura estilo americano do processo em tribunal por qualquer erro ou aconselhamento errado.
Estou, efectivamente, a ficar fartinho. Outros farmacêuticos portugueses por cá que deixem a sua opinião sobre este tema (a corroborar ou a contradizer o que escrevi).
Como disse inicialmente, sou frequentemente contactado por farmacêuticos portugueses. Em alguns casos acabo por acompanhar o todo o processo inicial adaptação, e quase sempre acabo por receber emails ou conversas no chat a dizer qualquer coisa do género "tu dizias que aqui se trabalhava muito, mas isto é de loucos"...
Como estamos a chegar ao fim do ano vou fazer previsões para o futuro da profissão:
- Os mais velhos vão cada reformar-se ou mudar de profissão mais jovens. Vejo uma dificuldade enorme de farmacêuticos mais velhos, que estavam habituados ao bem bom, em acompanhar o ritmo actual.
- Saturação do mercado de trabalho e consequente descida de salários. As maiores cadeias de farmácias (mais de 55% do total das farmácias pertencem as estas companhias) já não recrutam activamente farmacêuticos europeus e na maior parte dos casos em que são contactadas directamente recusam candidaturas.
- PCT's - Primary Care Trusts (equivalente às ARS - Administração regional de saúde) vão ser extintos sendo que toda a gestão dos serviços de saúde vai passar a ser feita pelos centros de saúde (Portanto médicos de família). Na minha opinião, nada de bom para as farmácias virá daqui.
- Diversificação dos papeis dos farmacêuticos. Acredito que muitos farmacêuticos irão deixar a farmácia comunitária para trabalhar em Hospital e em Centros de Saúde ao lado dos médicos (muito concretamente na gestão e racionalização do orçamento anteriormente na mãos dos PCT's)
Se não estivesse verdadeiramente estável e feliz com a minha situação específica (e a Ana também razoavelmente feliz) já estaria a considerar mais seriamente outras possibilidades. Assim, e por enquanto, vou ali tomar um cocktail de sertralina com fluoxetina e citalopram.
PS: Peço desculpa aos que me contactaram via email e que ainda não receberam resposta. Fá-lo-ei.
PS2: Continua a haver farmácias pouquíssimo movimentadas onde o farmacêutico continua a poder "respirar" minimamente.
PS3: Na área hospitalar continua a haver falta de farmacêuticos, mas não conheço a realidade.
PS4: Continuo a ver com enorme frequência propostas de emprego para as ilhas da coroa britânica (Falklands, Santa Helena, Bermudas, Ilhas Caimão) que apenas requerem três anos de experiência profissional. Cada vez que vejo um destes anúncios, vou sempre tratar de ver todos os pormenores da posição oferecida, e depois fico uma boa meia hora a "imaginar"... No dia em que estiver ainda mais fartinho, não digo nada.
PS2: Continua a haver farmácias pouquíssimo movimentadas onde o farmacêutico continua a poder "respirar" minimamente.
PS3: Na área hospitalar continua a haver falta de farmacêuticos, mas não conheço a realidade.
PS4: Continuo a ver com enorme frequência propostas de emprego para as ilhas da coroa britânica (Falklands, Santa Helena, Bermudas, Ilhas Caimão) que apenas requerem três anos de experiência profissional. Cada vez que vejo um destes anúncios, vou sempre tratar de ver todos os pormenores da posição oferecida, e depois fico uma boa meia hora a "imaginar"... No dia em que estiver ainda mais fartinho, não digo nada.
Continuas a ter vontade de abrir uma farmacia? Eu fiquei chocada quando vim para ca e descobri o boots, em que vendem mais sandes do que medicamentos.
ResponderEliminarQuando queimei a mao queria algo do genero do biafine, o rapaz so me perguntava se tinha dores. Resultado fiquei com a marca na mao.
Em Portugal eu ia a farmacia como medicos de primeira linha, como para casos de constipacoes e afins, aqui ainda nao sei onde se encontra uma farmacia a serio.
E mesmo em Portugal, com as margens a apertar, o que era visto como um negocio de ouro, esta pelas ruas da amargura. As farmacias tem pagamentos aos fornecedores em atraso e estao com dificuldades em sobreviver.
Dados os custos (desde a burocracia ao investimento) sera que ainda vale a pena abrir uma farmacia?
olá Eugénio! Obrigado por este post, acho-o extremamente útil.
ResponderEliminarTens recebido assim tantos emails?
também recebeste pedidos para entrevistas a jornais portugueses sobre o tema?... isto tem estado em voga...
Bom Ano! :)
Liliana: Nunca pensei a sério em abrir uma farmácia. Enquanto me conseguir manter na situação em que estou, certamente não vou considerar abrir um farmácia seja onde for.
ResponderEliminarQuanto à tua experiência com farmácias cá, lamento, mas o facto de venderam sandes em nada muda a qualidade ou não do serviço prestado. Na minha opinião, e de forma geral, o serviço prestado pelas farmácias comunitárias britânicas é de altíssima qualidade.
Andie: Por acaso tenho recebido bastantes. Pelo menos um por semana, já para não falar do blog antigo, onde chovem comentários sobre este tema (a esses não respondo pois este blog está claramente assinalado como encerrado).
Sobre contacto por jornalistas ou jornais já me aconteceu umas duas ou três vezes, mas sinceramente também me mostrei extremamente solicito. Não procuro fama nem protagonismo com o blog.
Quanto ao post, acredito que seja útil para ti, pois apesar de farmacêutica e por estas bandas, passas bastante ao lado desta realidade (que por opção poderia ser tua)
Bom 2012
Grande texto, Eugénio. Mas aviso-te desde já que a situação em Portugal vai ficar muito mais negra para os farmacêuticos do que aí no UK. Podes estar estafadinho de trabalho, mas parece-me que tens realização profissional e um ordenado pelo menos suficiente para te manteres por aí. Em Portugal, dentro de poucos meses (quando as novas medidas começarem a fazer efeito) os farmacêuticos vão estar cansadíssimos (o trabalho vai aumentar), sem realização profissional (o nosso sistema baseia-se, como sabes, na "aviação" acrítica de caixinhas), mal pagos (os ordenados têm caído em flecha) e/ou a caminho do desemprego (vão falir centenas de farmácias).
ResponderEliminarNão sou catastrofista e acho que algures no futuro a situação se vai endireitar. No entanto, entretanto é muito melhor assistir a isto tudo a partir de fora (como é também o meu caso - estou fora do sector, mas não do país).
Um grande abraço e parabéns pelo blog.
PS - obrigado pelo esclarecimento sobre o 25/12 :))
Tenho que confessar que fiquei um bocado assustada com este post. Ainda não me sinto farta (também se passado uns meses já estivesse era mau sinal!) mas percebo o que dizes, às vezes sinto que não tenho tempo para pensar no que estou a fazer, é sempre a correr. No outro dia li um artigo de um farmaceutico escoces que vendeu a farmacia e emigrou por razoes semelhantes as que comentaste...E eu ainda agora cheguei! E não tenho metade dos serviços de que falaste mas acho importante dizer que não acho que a qualidade do serviço e aconselhamento nas farmácias no UK seja de qualquer modo inferior quando comparado com serviço prestado nas farmácias portuguesas só por estarem por vezes inseridas em lojas. Há coisas que na minha opiniao funcionam pior e outras melhor mas não me sinto de maneira nenhuma com menos prestigio na profissao por trabalhar no UK, antes pelo contrário! Acho que as vezes as pessoas nao percebem isto.. Aqui trabalha-se mesmo muito, podias me ter dito 200 vezes mas só agora me vou apercebendo de todo o trabalho que envolve trabalhar por cá. E no fim do dia se houver algum erro duvido que me desculpem se disser que estava muito ocupada.. Mas espero que as coisas melhorem e, como disse, para ja estou a gostar da experiencia. Se fosse tudo facil nao tinha a mesma piada :)
ResponderEliminarPS. O quarto ficou mesmo giro! Parabéns aos dois!
Ola eugenio. Eu sou farmaceutica e trabalho ha um ano e meio..só que estou mesmo a pensar ir para inglatera. Sabes se ainda ha alguma empresa de recrutamento para farmacias ou mesmo NHS? Quero mesmo sair de portugal. Vou deixar o meu mail:
ResponderEliminarEspero que me possas ajudar.
lilianacarvalho.fernandes@gmail.com
obrigada
Eugénio,
ResponderEliminarSou farmacèutico desde 2001, e estou interessado em emigrar devido à situação em Portugal. O trabalho não me assusta o que me assusta é a falta de trabalho.
Queria começar um novo ano com um novo projecto.
Um abraço
Sérgio
sergiofilipe83@hotmail.com
Entao tens mesmo de me dizer onde trabalhas, ate agora tenho sido mal atendida "farmaceuticamente" aqui. Sempre q preciso de medicamentos peco a minha irma pra mos receitar e trazer de portugal :|
ResponderEliminarFelizmente aqui pelo UK *apesar de muito trabalho* a situacao tem muito mais luz que em Portugal. Em Portugal muitas farmacias estao a fechar porque ja nao conseguem pagar aos fornecedores nem aguentar as cada vez mais pequenas margens.
E preciso e coragem e dar um passo de cada vez :)
Copiei o post. Abraço.
ResponderEliminarTal como a minha irmã (Liliana Costa), tinha uma ideia errada das Farmácias Londrinas. As Boots sempre me pareceram autênticos centros comerciais, em que se vendia todo o tipo de produtos. Os colaboradores sempre me pareceram apenas lojistas e sem qualquer tipo de formação na área da saúde, que apenas se limitavam a passar os códigos dos produtos de dermohigiene e dermocosmética. O que é certo é que nunca contactei com o espaço farmacêutico. Mas pelo que descreveste parece-me um trabalho bastante interessante. Uma questão, é regra cada farmácia só ter um Farmacêutico? Se assim é, percebo que possa ser exaustivo. Sou farmacêutica e já contactei com um colega que trabalhou anteriormente nas Boots, mas que regressou por afirmar não ter vida própria e que as condições não eram as melhores. Se puderes descreve um pouco mais o teu trabalho. Fiquei bastante curiosa por já ter ponderado ir para o Reino Unido cuidar da minha maninha =P
ResponderEliminarCumps,
Susana Costa
Fiquei a conhecer este blog através de um post que o Peliteiro fez no seu blog e confesso que fiquei muito agradado com este espaço. Blog muito bem feito e bem escrito! Os meus Parabéns.
ResponderEliminarTal como a maioria dos frequentadores deste blog, também sou farmacêutico e sou proprietário de uma farmácia adquirida há cerca de 5 anos (mais ou menos quando terás ido para o UK).
Tal como no UK, aqui também tudo mudou e, durante 2012, assistiremos a um verdadeiro caos nas farmácias portuguesas. Compreendo que estejas com muito trabalho e que o workload seja absolutamente brutal mas, sinceramente, acho que deves dar graças a Deus ter um bom emprego, profissionalmente motivador e que certamente te proporciona um nível de vida razoável.
Por cá o que se passa é absolutamente catastrófico, pois tal como no UK, as margens da farmácia foram esmagadas (é esse o termo) para níveis incomportáveis com o nível de custos a que as farmácias e os seus funcionários se habituaram, mas não receberam a possibilidade de prestarem serviços remunerados. Se os fizerem será apenas na tentativa de fidelizar clientes na expectativa de não perder ainda mais. Mas será trabalho não remunerado.
Com este enquadramento, o resultado é óbvio: desemprego farmacêutico (que já existe) e muitos colegas que para fugirem dessa situação, aceitam vencimentos de 700-800 €/ mês, pois é o que lhes oferecem... Para já não falar do facto de, profissionalmente, a pressão que existe para a farmácia gerar resultados, obrigar a que o lado profissional seja cada vez mais marginalizado em detrimento do lado comercial.
Enfim, o horizonte para a farmácia é negro e, por arrasto, também o da profissão.
Posso estar a ver mal o filme, mas parece-me que neste momento, quem está fora de Portugal, esteja no UK, Canadá, Austrália, França, etc., estará muitíssimo melhor do que quem cá está. O que não quer dizer que não tenha sentido crítico relativamente ao trabalho que desempenha e às funções que exerce.
1 abraço farmacêutico!
Paulo Gouveia
Margarida: Não te queria assustar rapariga. Aliás tu já começas a conhecer a realidade bem por dentro, por isso já ia tarde caso te quisesse assustar. Lembro-me que logo no início me disseste que ficaste "assustada" com o conhecimento dos farmacêuticos com que lidaste, ao que te respondi que considero que têm uma formação inferior à nossa, embora uma constante actualização pós-licenciatura e formações façam com que os farmacêuticos cá estejam sempre a par de todas as guide-lines.
ResponderEliminarLiliana Carvalho, Joaquim: Não estou envolvido com qualquer agência de recrutamento nem tenho "poderes" para arranjar emprego a ninguém. Mesmo amigos que trabalham para cadeias de farmácias (lloydspharmacy, boots) já tentaram recomendar farmacêuticos amigos aos departamento de recursos humanos mas levaram como resposta que não procuravam farmacêuticos de fora do UK.
Susana Costa: Descrever a profissão cá é o que tenho vindo a fazer ocasionalmente neste blog desde que o iniciei. Quanto à tua pergunta concreta, diria que praí 90% das farmácias britânicas funcionam com um farmacêutico apenas. Muitos farmacêuticos colegas não contactam com outro farmacêutico no ambiente de farmácia comunitária durante toda a carreira (o que não é positivo na minha opinião).
Paulo Gouveia: Obrigado pelo interessante comentário. Apesar de me ter queixado fortemente, continuo a ter lucidez para perceber que Portugal continua a não ser uma alternativa melhor à minha situação actual. A verdade é que a única coisa de que me queixo é mesmo a intensidade do trabalho e a pressão para atingir objectivos (isto nunca é uma pressão no sentido de vender, impingir ou de qualquer tipo fraude etc). Porque realização profissional, salário confortável e tempo livre tenho (trabalho 32h por semana!).
Vendo bem, sou um queixinhas mimado!
Porra, pá! Que pena só ler isto agora. Acho que está "na mouche".
ResponderEliminarA juntar a tudo o que indicas como fonte de pressão, como farmacêutico de uma grande companhia tenho que acrescentar a pressão que as companhias colocam nos farmacêuticos. São os números dos objectivos sempre a aumentar, são as inspecções internas cada vez mais minuciosas, são as equipas cada vez mais pequenas, é a ausência de treino apropriado, são novos serviços, novos softwares, novos sistemas,...
Também já contactei com o "tinhas dito que isto era duro mas nunca pensei o quanto".
Ah, e quando a pressão se tornar mesmo intolerável: Bermudas.
ResponderEliminarOlá eugénio,
ResponderEliminarSou recém-licenciada em ciencias farmaceuticas, e não tinha noção que só existe um farmacêutico por cada farmácia em Inglaterra. E com tantos serviços, alguns dos quais em que é necessário certificado, como é que vocês conseguem dar conta do recado?...Em média, quantas pessoas trabalham numa farmácia,..? (eu sei que existe outros factores que influenciam o número de trabalhadores numa farmácia, mas só um farmacêutico para tantos serviços...
E já agora, uma vez que as cadeias de farmácias, como a boots, que não aceitam recém-licenciados do estrangeiro, por onde é que um recém-licenciado em CF deve começar, para querer seguir uma carreira no estrangeiro. Isto, porque encontro-me numa situação de desemprego, e não sei por onde começar!
Cara anónima,
ResponderEliminarDar conta do recado é quase sempre bastante complicado por estas bandas, sobretudo devido à frequente falta de staff para o volume de trabalho existente. O número de funcionários numa farmácia depende do volume de trabalho da mesma. Pode variar imenso.
A entrada de farmacêuticos europeus no mercado profissional britânco foi propositadamente dificultado. O mercado está a saturar, e têm que dar alguma preferência aos naturais de cá licenciados em universidades britânicas. Não consigo dar aconselhamento neste aspecto, uma vez que a maior parte dos casos que tenho acompanhado não tenho dado resultados. Está complicado.
Olá.
ResponderEliminarDeparei-me com este seu blog e gostei muito deste post.
Embora a situação não esteja fácil aí, eu estou interessada em ir para fora. Li que não está ligado à área de farmácia hospitalar, mas eu estou interessada em ir para aí trabalhar nessa àrea.
Só uma questão que tenho a colocar-lhe é como processou o seu registo no GPhC. Foi fácil? Aqui a ordem dos farmacêuticos tem que enviar documentação para lá, certo? E isso consegue-se com facilidade? Quando fez este registo foi ainda em Portugal ou já aí?
Agradeço-lhe imenso,
Ana Q.
(anarita89@hotmail.com)
Olá Ana.
ResponderEliminarEu fiz o registo aqui. Mas a possível fazer a partir de Portugal. Eu como fui recrutado para uma companhia de farmácias tive o apoio deles durante a fazer de inscrição no GPhC.
O site deles é www.pharmacyregulation.org , onde está tudo explicado.
Ola Eugenio
ResponderEliminarSou farmacêutica recém-licenciada apesar de já ter trabalhado algum tempo. Pelo que já li no post e nos comentários vejo que é complicado alguém recém-licenciado ir trabalhar para o UK.
Tenho falado com algumas agências que me aconselharam a contactar directamente com as empresas e a realizar candidaturas espontâneas. Também me disseram que um dos requisitos seria estar inscrita na ordem do UK. A minha pergunta é se tem conhecimento de que isso realmente seja assim uma vez que os custos da inscrição nas ordens são elevadíssimos e, assim, não compensa estar a inscrever-me em qualquer ordem sem ter ainda alguma possibilidade de realmente ir trabalhar para o UK.
Obrigada pela atenção.
Joana Carvalho
(joanamarquescarvalho@gmail.com)
O meu colega Eugenio faz uma excelente descrição do trabalho de farmaceutico no Reino Unido. Eu estou aqui a 2 anos e trabalho na farmacia ao lado da dele e posso confirmar que ele trabalha como um mouro. A minha farmacia é bastante mais sossegada que a dele mas tambem tenho a pressao dos targets (Murs, NMS e aumentar o nº de itens). Ja alguns dos meus colegas de Portugal contactaram a Lloyds e a Boots e todos levaram com a mesma resposta- Não estamos a contratar farmaceuticos fora do Reino Unido !
ResponderEliminarQue é bem melhor trabalhar aqui que em Portugal isso sem duvida ... a questão é quanto tempo mais ?
Para quem pense sair de Portugal para trabalhar como farmaceutico que comeca a ponderar outros destinos- Australia, Canada, USA, Bermudas etc pois Reino Unido ja não sera grande destino e alias mesmo nos que estamos ca comecamos a ponderar essa hipotese
Andre Tarrinho
ps ó artista se nao te safares em farmacia sempre podes ir escrever uma coluna semanal no JN ou no expresso : )
olá :)´
ResponderEliminarsou farmacêutica recem-licenciada e gostava que me explica-se umas duvidas que tenho.
é o seguinte quanto ao me inscrever ai na ordem como posso fazer ja vi varios comentarios acerca desse assunto mas nada muito em concreto;P posso inscrever-me na ordem pela ordem aqui de portugal ou para me inscrever tenho ja que ter um contrato com alguma empresa?
e quanto a empresas de recrutamento acha que me pode pode indicar algumas?
Obrigada:)
Olá Anónimo (a).
ResponderEliminarÉ perfeitamente possível fazer a inscrição na ordem dos farmacêuticos britânica a partir de Portugal.
Não creio que haja alguma companhia de recrutamento ou cadeia de farmácias a considerar farmacêuticos não britânicos sem experiência. Mesmo farmacêuticos formados cá estão com grandes dificuldades em encontrar colocação. Alguns já estão à procura há mais de 6 meses.
olá:)
ResponderEliminarSou farmacêutica há 4 anos. Tenho estado só por farmácia comunitária em Portugal, mas isto está a tornar-se simplesmente rídiculo...! Ser-se farmacêutico em portugal é cada vez mais difícil e cada vez menos direccionado para o doente e o medicamento mas sim para tudo o resto que é preciso pra manter a porta aberta e a receber cada vez menos. Ou seja, estou a ser, de dia para dia, penalizada financeiramente para exercer ainda menos a minha profissão. Posto isto, estou a procurar outros rumos. Gostava de saber a tua opinião acerca da situação dos farmacêuticos hospitalares, nomeadamente NHS, visto que é uma realidade mt diferente da portuguesa e em que me paraece que o publico geral ainda dá valor ao que é um farmacêutico. Agradeço desde ja qq esclarecimento.
Viva,
ResponderEliminarNo Reino Unido em farmácia comunitária está péssimo, tal como descrevi acima.
Para trabalhar em hospital para o NHS não conheço bem a realidade, mas sei que tradicionalmente há mais vagas.
http://www.jobs.nhs.uk e procura "Pharmacist". Há um número muito elevado de vagas com salários bem aceitáveis.
Olá Eugénio, Boa Noite
ResponderEliminarLi o seu post sobre farmacêuticos no Reino Unido e achei-o perfeitamente habilitado a dar-me uma opinião sobre o seguinte:
- acha que tem algum cabimento um estudante português, e para adquirir alguma experiência internacional, tirar um curso de farmacêutico em Inglaterra, sabendo que no final tem um emprego à sua espera numa farmácia em Portugal?
- Em caso afirmativo,pode dar-nos uma opinião sobre por onde começar? Universidade Pública / Privada? Londres ou fora? Que Universidades?
Muito Obrigada pela ajuda que eventualmente possa dar.
Melhores Cumprimentos
Ana Laia
Olá Ana Laia,
ResponderEliminarNão me parece uma opção acertada principalmente por duas razões:
As propinas dos cursos universitários são muito mais altas no Reino Unido. (na maior parte das faculdades 9000 libras por ano ou muito perto desse valor). No Reino Unido não há faculdades públicas / privadas, há apenas um tipo de Universidade.
Segundo porque o curso de ciencias farmacêuticas tem qualidade muito inferior no UK quando comparado com as boas faculdades de Portugal (FFUP, FFUC, FFUL).
E se mesmo assim considerar essa opção, só posso acrescentar que embora não sabendo muito sobre o assunto, sei que a candidatura a um lugar na universidade tem que ser feita com muita antecedência, creio que cerca de 12 meses! E para admissão não é apenas uma questão de notas, mas também entrevista e outros factores, como experiência na área, através de actividades, trabalho part-time, acções de voluntariado etc etc
Olá Eugénio
EliminarMuito obrigada pela sua resposta que vou concerteza ter em conta na altura de tomar uma decisão!
Desejo-lhe as maiores felicidades!
Ana Laia
Olá Eugénio, parabéns pelo post, foi uma verdadeira surpresa ter encontrado esta informação tão detalhada e bem escrita sobre a realidade do farmaceutico atual no UK.
ResponderEliminarSou estudante da FFUP, acabarei o curso em 2 anos, e o medo de ser mais uma mestre desempregada, depois de tanto dinheiro investido em 5 anos, começa a ser uma constante no meu dia-a-dia.
Fui a algumas palestras relativas ao emprego para farmacêuticos no estrangeiro, e Glasgow foi uma das descrições que mais me cativou. Contudo parece que as coisas têm vindo a piorar substancialmente.
Em proporção, um farmacêutico aí ganha tão bem como qual profissão cá? Como um médico, um engenheiro, um contabilista? (em média claro)
Sobre essas formações (diplomas) que falou, sabe onde podemos obter essas mesmas formações cá em Portugal?
Sabe alguma coisa sobre as ofertas dos estágios de final de curso aí no UK?
Falou que a situação das farmácias hospitalares está melhor, qual é o senão de trabalhar numa farmácia hospitalar por aí? E a nível de laboratórios e indústrias farmacêuticas tem havido vagas de emprego?
Acha que USA são uma hipótese melhor para os recém-formados?
Desde já agradeço a disponibilidade e o fato de partilhar informações valiosas para quem está numa situação cada vez mais delicada.
Continuação de um bom trabalho,
Marisa
Olá Eugénio!Sou farmacêutica e tenho cerca de 3anos e meio de experiência a trabalhar em farmácia comunitária em Portugal.
ResponderEliminarNo entanto, a situação das farmácias em Portugal está a tornar-se insustentável.Como tal , a emigração será uma opção para este "drama".
Há oportunidades para 1 farmacêutico no UK?Ainda recrutam farmacêuticos ou processo está mais complicado?
Vi alguns anúncios na boots mas requerem experiência no UK para a candidatura!
Considera que é necessário a inscrição 1º na GPhC e só depois começar o envio de CV's ??Relativamente à entrevista quais são as perguntas + frequentes?
Obrigada ,
Joana
Olá Caros Colegas,
ResponderEliminarTodas as semanas conheço novos casos de desemprego farmacêutico e farmácias em dificuldade.
Temos colegas a receber 600 euros por mês. E alguns a trabalhar gratuitamente ( para ganhar experiência ou manter o contacto com a área).
E temos outros que se dedicaram à agricultura...
O problema é muito simples. Existem demasiados farmacêuticos para as ofertas de trabalho, isso conciliado à crise..... BUMMMMM
Trabalhar 9 por dia de sol a sol e a ganhar pessimamente.
E isto existe por toda a Europa. De forma diferente mas existe.
Para matar a curiosidade sobre a oferta de trabalho como farmacêutico no USA.
ResponderEliminarDeixo este link: http://www.indeed.com/forum/job/pharmacist/Cannot-find-job-pharmacist-USA-Unemployed-pharmacist/t432439
É a conversa entre colegas como este blog... Percam só 5 minutos a dar uma leitura rápida.
Cumprimentos
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ResponderEliminarNice Blog .......Thanks for Sharing..
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