sábado, 12 de novembro de 2011

To Hitchens

“If Christopher Hitchens didn't exist, we wouldn't be able to invent him.” —Ian McEwan




Comecei a procurar no youtube videos sobre o este pensador nascido na Inglaterra e quase três horas depois decido não meter nenhum.

PS: Para quem quiser ver mais, que procure o debate com o Tony Blair, ou The inteligence squared ou as suas entrevistas mais recentes.

sábado, 5 de novembro de 2011

A polémica do supositório!

Ora viva,

Já há bastante tempo que este blog não se debruça sobre qualquer tema relacionado com a área da farmácia. Acontece que só vale a pena fazê-lo caso o tema cause controvérsia, ou no mínimo, algum debate (exemplo1, exemplo2).

Desta vez a temática recai sobre o uso do supositório.

Confesso que nunca tinha perdido um segundo da minha actividade cerebral sobre a temática do uso correcto de um supositório. Nunca me tinha passado pela cabeça que houvesse alguma dúvida ou alguma ciência sobre este tema. Nunca, até recentemente.
Acontece que no facebook há um grupo muito interessante da área da farmácia, onde farmacêuticos relatam, sobretudo, histórias caricatas sobre o dia-a-dia da farmácia. Neste grupo sou um mero espectador e para dizer a verdade, pouco assíduo e nada participativo. Foi até a Ana, que também perplexa, me chamou a atenção para uma pergunta lançada neste grupo:
"Qual é a forma correcta de administração de um supositório"? A resposta dos meus colegas farmacêuticos foi unânime, no sentido em que um supositório deve ser inserido com a extremidade recta e não com a cónica!

Todos argumentaram que foi assim que aprenderam durante as aulas e que até constará nos manuais de tecnologia farmacêutica. Eu não me recordo, mas isso não serve minimamente de argumento. Confesso que me senti inferiorizado como um qualquer membro do público a ver argumentação de especialistas da área sobre determinado tema, uma vez que (na minha cabecinha) inserir um supositório "ao contrário" faz tanto sentido como uma mulher usar um vibrador ao contrário ou como um submarino lançar um míssil ao contrário.


Bom, o que é certo é que não fiquei, nem estou convencido. 
Cá ficam os meus argumentos:
Como ninguém consegue negar, é menos doloroso a inserção de um supositório pela parte cónica. É ainda mais fácil empurrar o supositório com o dedo contra a base recta e plana do mesmo.


Pesquisei em sites de referência e nos folhetos informativos de vários medicamentos e a informação obtida foi sempre a mesma: O supositório deve ser inserido com a extremidade cónica: (dulcolax, voltarol, netdoctor, patient.co.uk). Empresas como a Novartis e Boehringer Ingelheim iriam ter instruções erradas nos seus folhetos informativos? As entidades reguladoras (EMEA, FDA) permitiriam e aprovariam folhetos informativos com instruções erradas?

Mais importante do que qualquer opinião é este facto: Se a Novartis, companhia farmacêutica que desenvolveu o Diclofenac (Voltaren, Voltarol) coloca nos seus folhetos informativos que o supositórios devem ser inseridos através da parte cónica, é porque acredita que é essa a forma correcta. Isso implica que tenha sido essa a forma de administração durante todos os ensaios clínicos de desenvolvimento do medicamento. Todos os resultados de farmacodinâmica, farmacocinética e consequentemente doses e posologias recomendadas têm em conta esse facto. Uma administração de forma diferente não respeita o licenciamento do medicamento. (Por exemplo, um medicamento que seja esmagado e dissolvido em água é realmente mais fácil de engolir, mas isso não respeita o processo de desenvolvimento do medicamento nem o respectivo licenciamento do medicamento).

Não quero parecer um velho do restelo, mas acho que deve haver espírito critico parente qualquer estudo que nos seja apresentado, e sobretudo enquadrar isso na realidade.

Até ver, continuo a dar o aconselhamento que sempre dei.

Agora crucifiquem-me aqui na praça pública.

PS1: Se eu estivesse seguro de que alguma informação contida num folheto informativo de um medicamento estivesse errada, imediatamente exerceria o meu dever de farmacêutico e contactaria as entidades responsáveis a alertar para tal facto.

PS2: Creio piamente que qualquer que seja o sentido em que seja inserido um supositório, o efeito clínico será o mesmo, ou na pior das hipóteses muito semelhante.

PS3: O youtube nunca permitiria a publicação de uma falácia:

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tesco's Olive Oil episode

Se há coisa que uso todos os dias na cozinha, é o azeite. Gosto de usar o azeite em quase tudo, e gosto que o mesmo seja bom. Nem é pelo sabor que fico fã ou não de um azeite, mas mais pela sua espessura e consistência.

Esta semana acabamos com o azeite cá em casa e a anita no fim do trabalho lá passou pelo Tesco e trouxe uma garrafita "à experiência". O azeite virgem extra lá mostrou ter as propriedades desejadas, mas quando a anita me disse que o preço que tinha pago tinha sido £2,69 por litro eu reagi de forma um pouco abrupta ao dizer que ela estaria errada, que tal não era possível (ou que a garrafa não seria de litro, ou que ela teria visto mal). Como em qualquer casal, cada um tem a area of expertise, e na mesma proporção em que não sei o preço médio do amaciador da roupa, percebo do azeite, e portanto nunca tinha visto um azeite abaixo dos £3,30 por litro e mesmo esses são os azeites a dar a óleo.

Hoje, dia de folga, e após uma caminhada matinal lá passamos pelo Tesco:

Ou seja, a garrafa de azeite de 1 litro do azeite virgem extra do Tesco a £2,69 enquanto que na prateleira de cima, a garrafa de 0,75l do mesmo azeite a £3,53! Só pode ter sido um erro na atribuição dos preços por parte desta cadeia de supermercados. Isto significa que de alguma forma ambos tínhamos razão, o preço era realmente esse tal como a Ana disse, mas era um preço impossível tal como eu argumentei.

Ora bem, e assim lá metemos no carrinho todas as garrafas de azeite de litro (10 no total). Aliás, como estávamos um  pouco perplexos com a situação, ficamos algum tempo a olhar para as prateleiras e eu até peguei no telemóvel para tirar a foto acima antes de meter as duas últimas garrafas de azeite no carrinho. Enquanto me preparava para tirar uma foto uma senhora aproximou-se da prateleira, olhou de relance para as garrafas de azeite em questão, e achou por bem levar a garrafinha mais pequena de 0,75L pelos £3.53!


Duas situações a reflectir sobre este post aborrecido:
1) Não senti qualquer culpa em tirar partido de um claro erro do hipermercado. Uma companhia que faz milhões, e ainda por cima a que pior paga aos farmacêuticos na farmácias que tem. Se se tratasse do comércio local seria outra história.

2) Quando vi a senhora a pegar na garrafa de 0.75L (preço por litro = £4,70) fiquei pasmado e ainda dei  um passo atrás dela para a chamar à atenção, mas depois parei, primeiro porque era menos uma garrafa que eu levaria e depois porque que acho que cada um deve pagar as consequências da própria "burrice".

Fazem compras desta forma sem olhar a preços e depois queixam-se da crise! Não há pachorra.