sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Somedays it can only go worse..

É o diabo,

Como já referi tive Man-Flu. Sou muito homem, mas quanto a constipações sou mesmo florzinha de estufa. Em cada ano fico constipado praí 7 ou 8 vezes que me duram praí uns 4-5 dias. Desta vez já dura há nada mais nada menos que 3 semanas (obviamente que o fim de semana passado de encontro de tugas em Manchester, com íntimos momentos de partilha de estirpes virais teve grande culpa neste prolongamento da doença).

O que é que um gajo precisa quando está constipado e tem mesmo que ir trabalhar? R: Precisa que tudo corra "smoothly" como se diz por cá. (Também gostava que assim fosse)

4a feira (dia da folga):
Cheio de tosse, arrepios, nariz vermelho lá me levanto às 6h15 para tratar de levar o carro à MOT. ( Difícil levantar a esta hora com saúde, imaginem sem ela!).
Trato de tudo e volto prá cama. Acordo sem apetite e vou para o sofá onde passei o resto do dia a água, paracetamol e lenços de papel. O termómetro diz-me 39ºC, mas no meu subconsciente paira o facto de no dia seguinte ter de me levantar antes das 5h30am para ir trabalhar.
5a feira:
Noite toda a suar com febre. Felizmente tinha um copo ao lado da cama para me manter hidratado. Vou para beber mais um pouco e reparo que no copo tinha um ensopado de lenços de papel usados (ou cientificamente dizendo, uma cultura de vírus).
5h30 e toca a levantar. Além de todos os sintomas já referidos ainda me doíam as costelas todas (3 semanas a tossir de 5 em 5 min). Depois do banho e já de fato dou última olhadela ao espelho. Reparo que como consequência de ter usado lenços de papel durante 3 semanas tenho bocados de pele e sair por todo o lado, tanto no nariz como na zona toda do bigode. Tento arrancar com as unhas os bocados maiores de pele pendurados, mas desisto. Usei antes um creme, mas espalhou mal na cara pois optei não arriscar fazer a barba (doente às vezes, burro nunca!). Olhei uma última vez para o espelho e não pisquei o olho.
Já no corredor espirro. Espirro de violência tal que em vez de atchim saiu um áááhhhhhhh e fiquei de joelhos agarrado às costas. Num milisegundo a Ana não só tinha acordado como já me estava a ajudar a levantar a perguntar de estava bem (diz ela que pensava que eu tinha caído pelas escadas abaixo).
Só pensava, "que raio de profissão esta que não posso ligar "off-sick"".
Saio de casa e penso "yes, agora já não há volta a dar, consegui resistir a faltar ao trabalho"
Com o frio que estava lá segui em passo acelerado para o carro, que estava estacionado praí a 100metros da porta de casa. Com sapatinho fino só se ouvia o "toc toc toc" dos meus sapatos no silêncio que só a escuridão das 6h20am proporciona. Um snapshot de mim a 10metros do carro seria o meu corpo todo no ar, em posição horizontal ao mesmo que grunhia um vigoroso ááááhhhhh. Quando aterrei no chão em cheio com a minha nádega esquerda pensei que tinha morrido. Por longos segundos ví-me no chão, sem qualquer capacidade para me mexer. Fiquei completamente estendido com a cabeça praticamente a espreitar o chassi do BMW do meu vizinho. Estiquei o pescoço a ver se conseguia ver alguém, mas nada, ou vá lá, vi alguém do outro lado de uma estrada perpendicular. Só pensava "como é que vou trabalhar?/não são só os velhos que escorregam no gelo/vou ter de ligar à Ana"... Como não conseguia chegar ao telemóvel deixei-me estar uns 2 minutos... (pensava na minha figura, um jovem de 28 anos vestido de fato e gravata, estendido no chão, com a cabeça quase enfiada debaixo de um carro).
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Como a farmácia abria às 7 lá tive de me pôr a pé a muitíssimo custo e lá cheguei ao carro.
Obviamente que a viagem (20km) correu bem. (tinha o mija-mija a funcionar, nada podia correr mal).
Pior mesmo é que o estacionamento prá farmácia fica a não menos de 1km da mesma. Já mais "arrefecido" da queda, mas ainda não seguro que não tinha partido o cóccix, foi ver-me a andar com estilo. Digamos que quem me viu na rua a caminho da farmácia ficou com a ideia que passei a noite em práticas sexuais aberrantes.
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O dia de trabalho em si foi aquele que se pode esperar quando se está constipado. Assoar o nariz entre cada receita, correr para todo o lado, dor de cabeça etc.
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Fim do dia e o sentimento de alívio é incrível.
Chego a casa e estaciono o carro no mesmo sítio onde estava de manhã.
Saio do carro e vou directo ao sítio onde tinha caído de manhã com o propósito único de deslizar o meu sapatinho fino no pedaço de gelo cristalino onde tinha escorregado de manhã e pensar para mim mesmo "realmente escorrega como o diabo".

O sentimento de alívio manteve-se até chegar à porta de casa. A tremer com o frio e cheio de arrepios procuro impacientemente a chave de casa. Vejo os bolsos, a mochila, e NADA. (acho que neste ponto mandei 4 ou 5 caralhadas em bom Português..)

Depois de insultar até a rainha lá decidi que teria de passar umas 3 horas no carro à espera da Ana.


Happy End:
Ao voltar paro o carro, ao passar no sitio onde tinha caído de manhã, olho para o chão e encontro as chaves de casa, que lá tinham ficado desde o incidente matutino. Chaves essas que tenho para mim, estavam no bolso mais fundo, só para terem uma ideia do que eu rodei antes de ter aterrado no chão.


PS1: Não admira que o Portuguese Pharmacist seja uma espécie altamente procurada. Duros como o aço e altamente dedicados ao trabalho.

PS2: Qualquer dia este blog volta à linha editorial anterior, com reflexões sérias sobre o mundo da farmácia.

PS3: Quando estiverem temperaturas negativas tenham muito cuidado com o gelo

4 comentários:

  1. Bem...mas que dias dramáticos tens passado por aí...mas confesso que me ri a ler algumas partes :)
    Há que manter o humor em qualquer situação.
    Quanto ao PS2 só tenho a dizer-te que deves manter esta linha editorial humorística:)e sempre podes alternar com reflexões sérias do mundo da farmácia;)
    As melhoras!

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  2. No momento da queda senti pena de ti. Mas olha que estás mesmo cheiodabicho. As melhores melhoras ;)

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  3. gostei do desfecho - a queda e o reencontro das das chaves. afinal tudo está bem quando acaba bem.

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  4. A nova ou a antiga: gosto da linha editorial.

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