quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Broken Britain - 1

Ora viva,

Cá estamos de volta depois de uma ausência prolongada. Mas um blog é mesmo assim, "acontece" ao sabor da vontade e inspiração.

O título indica desde logo que vou falar da vergonha de todo tamanho que tem acontecido nos últimos dias em quase todas as cidades deste país super civilizado. No entanto não vou escrever muito sobre isso, mas apenas deixar a descrição de um episódio que vivi ontem na farmácia.

Uma técnica da farmácia vem falar comigo informando-me que uma jovem aguardava uma consulta com o farmacêutico para o fornecimento da pílula do dia seguinte. (algo de normal, que acontece todos os dias).

Passado dois a três minutos já estávamos sentados na sala de consulta, eu, a jovem e uma amiga que a acompanhava.

Durante esta consulta o farmacêutico vai seguindo um protocolo fazendo uma série de perguntas e documentando a informação obtida ao mesmo tempo de dá aconselhamento em várias áreas (Contracepção, doenças sexualmente transmissíveis, o próprio funcionamento do ciclo menstrual etc etc).

Durante todo esse processo, que demora uns 10-15 minutos aconteceu o seguinte:

Telemóvel: "ring, ring ring"
Jovem: Deita a mão ao bolso de onde calmamente retira o telemóvel e de seguida corta a chamada, colocando o telemóvel em cima das pernas.
Eu: Deito-lhe um olhar reprovador e continuo a consulta

Telemóvel: "ring ring ring".
Eu: "Tem que desligar o telemóvel"
Jovem: "ok" e lá mexe no telemóvel.

Telemóvel: "ring, ring, ring"
Eu: "Afinal não estava desligado. Desligue o telemóvel agora"
Jovem: "Já está".
Eu: vendo o ecrã do telemóvel ligado digo: " Não está nada, o ecrã está ligado por isso ponha o telemóvel em cima da  mesa ou então não continuo esta consulta."
Jovem: "O telemóvel está bem aqui, isso é patético".
Eu: "Tem que ser para que preste atenção às minhas perguntas e para que entenda a informação que lhe estou a transmitir"
Jovem: "Eu já sei essa treta toda"
Eu: "A opção é meter o telemóvel em cima da mesa ou não continuo a consulta"
Jovem: "Não meto"
Eu: "Ok, a consulta termina aqui, get out"
Jovem: "És patético"
Eu: "Tens que aprender a mostrar respeito pelos profissionais"

*Jovem uma rapariga de 23 anos acompanhada pela amiga de uns 40.

Apenas um exemplo revelador do estado a que esta sociedade britânica chegou. Estes mais recentes incidentes em que tivemos jovens vândalos a pilhar e destruir tudo por divertimento e no dia seguinte outros jovens a voluntariamente limpar a destruição, só vêm evidenciar aquilo que está à vista de todos, ou seja, uma sociedade completamente bipolarizada, com uma fatia da sociedade com uma atitude e comportamento de uma sociedade escandinava que convive com  a outra fatia da sociedade, de comportamento terceiro-mundista e com atitudes que consideraríamos normais numa "América latina". Qualquer emigrante Português cá vive com este sentimento de amor-ódio pela sociedade britânica.

A actuação das autoridades e governo durante esta última semana deixaram-me deveras desiludido com este país. Concordo com os direitos humanos e que se tratem as pessoas com dignidade, mas quando isto interfere com a liberdade, alegria, e bem estar de pessoas de bem e ordeiras, não podemos andar a "brincar ao apanha"... Honestamente, tenho vergonha de viver num país que não defende as pessoas de bem.

E não me venham com as tretas de que isto é uma revolta contra os cortes nos apoios sociais... Qualquer um que não trabalhe no UK e receba benefícios sociais está automaticamente nos 20% mais ricos das população mundial.

* Não, apesar de tudo ainda não equaciono deixar isto.

Banda sonora deste post:

7 comentários:

  1. toda a situação (tua, do país onde vives) é bestialmente lamentável...

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  2. Caro amigo, parabéns pelo blogue.
    Acho que este género de problemas sociais, proveem de um grupo de pessoas que fazem parte do governo Britânico a que eles chamam de "do-gooders". Conseguem aprovar leis que aparentemente parecem lógicas e boas, mas que depois na realidade não o são.

    Do-Gooders
    An earnest but often naïve person (typically educated and white) who wants reform through philanthropic or egalitarian means. e.g. wealth redistribution, social justice, welfare, third world immigration, adoption of "disadvantaged" children (usually non-white and from abroad), affirmative action and spending other peoples' money for good causes. Do-gooders always mean well but may misinterpret opposing preferences to be racist, cold, intolerant or greedy. They genuinely want human development & positive environmental awareness, although the methods are a source of debate.

    Do-Gooders - The Social Worker – This one of the most dangerous do gooders around, these idiots want to enforce the will of the courts, like taking away kids from their parents due to a mere suspicion they have smacked their kids “once” on the bum, crying out “abuse, abuse, abuse”, and as a consequence, we cannot discipline our children and we now have a generation of young dudes and dudettes who do not understand the meaning of right and wrong, let alone understand the meaning of responsibility.

    Saudações Azuis e Brancas

    Guta

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  3. Secas: Era uma boa besta
    Sahisis: O pior é que lamentar não muda nada
    Nando: Por acaso fiquei curioso com esses filme! Amanhã já me falas nisso pessoalmente

    Guta: Essa teoria é muito inteligente. Realmente, pessoas desse tipo em posições de administração de um país constituem um perigo!

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  4. Grande postura na consulta: ou apresenta o mínimo de respeito pelo que lhe está a ser dito ou nao usufrui do servico.

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  5. Lage: Espero uma atitude semelhante de qualquer colega perante uma situação semelhante.

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  6. Acontece em todo o lado isso!!! Ainda me lembro de uma pérola em Portugal, que estando eu a dar um aconselhamento sobre como tomar a medicação atende a chamada no telemóvel!!! Sem pedir desculpas no final..... gente assim existe em todo o lado!!! Não valem o esforço do nosso desprezo!!!

    Jorge

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