terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Se o migrant_script não vai à neve...

a neve vem ao migrant_script. (chega a ser romântico).

E que saudades tinha eu da neve, muito fruto de uma última experiência cheia de boas memórias, Andorra em 2011. Desta vez não houve esquis, mas nem por isso deixei de "patinar".

Assim, há coisa de duas semanas calhou-me o turno da noite numa sexta-feira. E tal como o descrito na previsão do boletim meteorológico começou a nevar fortemente pelas 19h00. Inicialmente toda a gente suspirava o quão bonita era a neve e o quão divertido iria ser o fim de semana que vinha a caminho, e toda a brincadeira com as crianças que iria proporcionar. Ora, primeiro eu ia ter um fim de semana de trabalho, e segundo nem crianças para brincar na neve eu tenho, por isso fiquei indiferente e sem grande interesse. O facto de ninguém ter entrado na farmácia nas duas últimas horas de abertura, e de não ter parado de nevar por um minuto deixou-me com algum receio.
 (frente da farmácia bem antes da hora do fecho)
(parque de estacionamento, onde o meu carro estava sozinho)

Aqui começou um verdadeiro pagode. Há um portão que apenas abre ao detectar a presença do carro. O pior é que esse portão fica numa rampa com uma inclinação suficiente para que o carro, numa situação de nevão, não arranque uma vez parado. A mesma coisa já me tinha acontecido há três anos atrás. Mas desta vez estava mesmo sozinho. 
Depois de muito patinar e já a considerar dormir na farmácia, lá encontrei sal num contentor e espalhei-o à mão. Esperei uns 20 min para que a neve derretesse e lá consegui. Mesmo assim, foi mesmo à justa. Daí tive que fazer uma rua inteira em contra-mão e uma rotunda ao contrário (isto para evitar descidas que adivinhava não conseguir subir).

Decidi filmar algumas partes da minha saga com o telemóvel e editar no iMovie (não está grande espingarda, mas já valeu ter aprendido a trabalhar com o programa).


Depois de entrar na auto-estrada deixei de filmar, e apesar de estar ainda a mais de 15km de casa estava confiante que seria fácil chegar ao destino. Enganei-me. A auto-estrada estava fechada a partir do meio do meu percurso, e em Blackburn o nevão tinha sido bem pior! 


Lá acabei por chegar a casa pela 00:30. Houve zonas do percurso que as rodas do carro entraram nos regos cavados por outros carros e a parte da frente do carro fez de limpa neves a empurrar a neve. Isso deve explicar o facto de a tampa que fica por debaixo do motor se tenha partido e caído. Muita gente vi a deixar os carros encalhados e a andar ao longo das estradas e auto-estrada. Um cenário incrível.

Estacionei o carro e tirei umas fotos antes de entrar em casa:




Mas isso de chegar a casa, apesar da sensação de alivio, não me deixou descansar. Porquê? Porque no dia seguinte era Sábado de intenso trabalho. Era suposto trabalhar das 9:00-13:00 numa farmácia bem lá no meio do nada, na montanha, e depois 15:00-22:30 na minha farmácia do costume. Seguindo os conselhos da Anita, lá mandei email e sms ao responsável pela coordenação dos farmacêuticos locums da farmácia de Sábado de manhã a dizer que muito provavelmente no dia seguinte não conseguiria ir trabalhar devido à neve. Disse também que de qualquer modo ia meter o alarme para bem cedo, e que pelo menos ia tentar.

Assim foi. Apesar de ter deitado já depois da 1:00am às 6:00am já estava a pé. Já tinha parado de nevar e a estrada em frente à minha casa já estava melhor. Como estava frio, decidi, pela primeira vez de sempre, usar uma camisola de lã por cima da camisa e gravata, já que normalmente rapo frio na farmácia da terriola.

Já com pequeno almoço no bucho lá entro no carro, com quase duas horas no bolso para fazer os 40 km que me esperavam. O problema foi que apesar de ter estacionado pertinho da estrada principal, fi-lo na estrada secundária perpendicular à principal (exactamente no lugar oposto ao carro da foto acima, todo coberto de neve). O resultado foi o carro completamente atolado de neve. É que nem 5 cm ele mexeu apesar das altas rotações dos pneus. Lá fui à arrecadação exterior (e nem me vou alongar no trabalho de tirar neve para abrir portas) para ir buscar uma pá. E lá andei a tirar neve à pá durante uns longos minutos. Entrei e saí do carro umas seis ou sete vezes, com progressos na ordem dos 50cm de cada vez. 20 minutos depois lá consegui entrar na estrada, não sem antes ter tido a ajuda de outro portador de uma pá e de um bêbado que passava na rua naquela altura. A suar em pinga, tirei a camisola, liguei o ar condicionado no frio, abri a camisa e fiz-me ao caminho.
(auto-estrada praticamente limpa logo de manhã cedo! Grande trabalho durante a noite. Dá para ver muitos carros que foram deixados ao longo da auto-estrada na noite anterior)

E sem grandes incidentes lá cheguei à primeira farmácia, e depois à segunda farmácia. Só para terem uma ideia, a minha patroa que vive na mesma cidade da farmácia (embora na periferia) ficou num hotel de sexta-feira para Sábado e Sábado para Domingo como forma de garantir que não faltava ao trabalho, e ela tem um 4x4!

(quando estacionei antes de começar o turno 9:00-13:00)


PS: Agora digam lá que não é de valor um farmacêutico dedicado como este.

2 comentários:

  1. No filme aparece um frase do tipo"não sabia que que a auto-estrada estava cortada mais à frente"
    Pela imagem que aparece é inaceitável que não estivesse cortada mais atrás.

    ResponderEliminar
  2. olá

    Constatei um facto que no Reino Unido os utentes não pagam portagens nas auto estradas, em Portugal as auto-estradas são construidas com dinheiro dos contribuintes e ainda temos que pagar portagens paras utilizar .
    Mafaldinha

    ResponderEliminar