domingo, 13 de outubro de 2013

Lá ou cá, somos mais que as mães.

Não há nada que destrua mais uma classe profissional que o excesso de profissionais da mesma.

Em Portugal temos a nossa profissão completamente de rastos em muito graças a esse fenómeno que foi a proliferação de faculdades privadas. É só ver a quantidade de colegas que já enveredaram por caminhos muito afastados do mundo da farmácia. Uma formação de alto nível, muito específica e dispendiosa completamente desperdiçada.

No Reino Unido o cenário tem mudado a um ritmo alucinante. Há 6 anos atrás havia uma grande necessidade de farmacêuticos. Nesta altura as grandes companhias de farmácias até iam a diversos países Europeus fazer entrevistas de emprego. (foi nesta fase que a Ana conseguiu o seu emprego na Boots). Tinham estágios específicos para formação destes farmacêuticos europeus. Pouco depois deixaram de procurar activamente farmacêuticos fora do Reino Unido, mas recebiam de braços abertos farmacêuticos europeus que já no UK mostrassem interesse em ofertas de emprego. Mais recentemente deixaram de considerar farmacêuticos não Britânicos que não tivessem já experiência no Reino Unido. Este ano, praticamente todos os farmacêuticos recém qualificados Britânicos, com formação adquirida cá, continuam a procurar emprego, estando com grandes dificuldades em garantir emprego estável.

Isto resultou da abertura de um grande número de faculdades de farmácia pelo país e obviamente da continuada entrada a bom ritmo de farmacêuticos de outros países da UE. Ou seja, foram rápidos a actuar face à situação do mercado de há seis anos atrás.

Agora prevêem o seguinte cenário:

England faces surplus of 19,000 pharmacists by 2040

"Pharmacy schools in England may need to cut their student intake by as much as 15 per cent a year until 2020 to avoid creating an oversupply of pharmacists, a government-commissioned review has warned."
(notícia continua no link)

Vamos ver se vão ser tão eficazes a actuar quanto ao excesso de profissionais como quanto foram relativamente à escassez dos mesmos. Pelo menos alguém já alertou quanto à situação insustentável.

2 comentários:

  1. Eis um assunto sobre o qual eu tb queria comentar no meu blog (que anda abandonado tal e' a ordem de trabalhos da vida real :( ).
    O que eu acho extraordinario no sistema Ingles e' mesmo este update / reconhecimento mais ou menos rapido da situacao profissional. Ou seja, abrem os departamentos de farmacia em universidades relativamente novas, em muitos casos ainda muitos destes cursos nem sequer estao acreditados pela GPhC (ordem profissional), mas ja andam a avisar que as escolas de farmacia tem de reduzir vagas! Coisa que, em Portugal...... digamos que se alguem viesse dizer isto, "cairia o Carmo e a Trindade"! Quando eu sai do meu curso, ha 6 anos! lembro-me de pensar que 200 alminhas farmaceuticas da FFUL eram demasiada alminha num pais onde para abrir uma farmacia totalmente nova (novo alvara') e' preciso vender o figado......!

    Ha uns 2 anos a Boots (e penso que muitas universidades, como a de Nottingham) andava "zangada" com o sistema de atribuicao de vistos a estudantes orientais/ asiaticos (ou seja, provenientes da Malasia, China, India e Medio Oriente). Isto porque universidades como a de Notts e de Londres tem uma percentagem de alunos destes paises que e' quase 50% dos alunos que compoem o curso de Ciencias Farmaceuticas. Como a grande maioria obtem visto de estudante, mas depois quer fazer estagio obrigatorio para se registarem na ordem profissional, seria uma grande desilusao se o Home Office britanico viesse retirar-lhes o visto so' porque tecnicamente ja' nao sao estudantes... A Boots na altura contestou, se nao me engano, porque la se iria uma boa quantidade de estagiarios (mao de obra). Convem adicionar que o estagio no UK e' fora do curso, e' pago mas e' totalmente dependente da vontade do recem licenciado se o quer fazer ou nao. Dai' a atribulacao com os vistos...

    Estou para ver o que vai acontecer a tanto enfermeiro que tambem tem emigrado para o NHS britanico...


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  2. Sim, no UK há sempre uma entidade que lança o alerta sobre o excesso/falta de profissionais. E normalmente actuam rapidamente, mas vamos ver o que acontecerá num futuro próximo.

    Quantos aos enfermeiros também já pensei sobre isso. A quantidade de enfermeiros Europeus (e muito particularmente Portugueses) que entraram no UK nos últimos dois anos é enormíssima. Creio que esta súbita grande necessidade de enfermeiros se deveu a avaliações com resultados maus dos hospitais do NHS, que apontaram a falta de enfermeiros como causa responsável para várias falhas. Acredito que a este ritmo não tarde muito a que a área da enfermagem também atinja a saturação. A ver vamos.

    PS: Por acaso tenho andado um pouco ausente da blogosfera, mas no fim de semana tinha ido espreitar o que é que tinha acontecido ao teu blog, já que nenhuma actualização me aparecia na minha lista de blogs. Afinal estava mesmo de "férias".

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