Quer-me parecer que o mundo deve estar para acabar

Wednesday, 29. September, 22:25

Tenho para mim que não falta muito para o mundo acabar, senão vejamos:

O senhor testemunha Jeová que bate aqui à porta de vez em quando diz-me que os "tempos finais" aproximam-se rapidamente, pois muitas das premonições descritas na Bíblia como sinais do fim do mundo estão a verificar-se agora. Como está escrito num livro muitooo antigo eu acredito.

Várias outras teorias encontram consenso em 2012 como o ano chave do fim. (Nostradamus, calendário Maya, colisão da Terra com o planeta Nibiru etc etc)

Aquilo que tenho a certeza é no dia em que as pessoas passem a saber a data do fim do mundo, a vida em sociedade vai colapsar e comportamentos fora do normal vão começar a ser frequentemente observados. Os últimos dias a trabalhar na farmácia são a prova real que o fim do mundo está a chegar, e de que pelos vistos é do conhecimento de muitos.

Caso 1:

Uma jovem com cerca de 20 anos, acompanhada pela mãe, pede para falar em privado com o farmacêutico. Já na "consultation room", mostra-me a caixa do medicamento que segura com uma mão trémula, onde era possível ler: "Cefalexin 500mg, Take one capsule three times a day".
Pergunto qual é o problema, ao que me responde que tomou as 15 cápsulas de uma só vez (!). Não tentei perceber a razão, apenas lhe disse que deveria ir imediatamente ao hospital. Disse-lhe também que felizmente os antibióticos são desenvolvidos para terem o máximo de acção nas bactérias e o mínimo possível de acção farmacológica no ser humano.

Fiquei a pensar um pouco e concluí que a miúda é estúpida. Caso tenha sido um caso de overdose acidental, acho que a trabalheira de engolir 15 (QUINZE) cápsulas de uma só vez poderia levantar algumas dúvidas se essa seria a posologia certa. Qualquer um pararia para pensar ao encher o copo de água pela 2a ou 3a vez. Caso tenha sido um acto voluntário, qualquer outro medicamento seria mais eficaz na tentativa de suicídio. É caso para dizer que seja qual for o objectivo, ao lidar com medicamentos, informe-se com o seu farmacêutico para uma melhor escolha.

Caso 2:

Uma avó com cerca de 65 anos acompanhada da neta de 11 anos, pede para falar com o farmacêutico. Lá vou eu.
Mostra-me imediatamente a carteira.

Eu: Em que posso ajudar?
Avó: Está a ver a minha carteira, eu meto sempre o meu comprimido aqui nesta divisão, e o comprimido da minha neta nesta outra divisão. (Divisões da carteira contíguas)
Eu a pensar: Ó diabo...
Avó: É que me enganei e dei o meu comprimido à minha neta, eles são idênticos!
Eu a pensar: estava mesmo a ver
Eu: Então diga-me lá qual é o medicamento!
Avó: Proclorperazina 5mg que lhe dei sem querer em vez de ter dado o Metilfenidato (Ritalin).

Lá fui verificar e confirmei que 5mg é uma dose usada para crianças a partir dos 12 anos.

Eu a pensar: agora devias era tomar o Ritalin para não te enganares mais
Eu: Não deverá ter problema, aconselho a tomar o medicamento correcto de qualquer forma. Ela poderá sentir-se um pouco mais sonolenta, mas não é caso de ir para o hospital.
Neta: Isso quer dizer que não vou conseguir ver o Family Guy???! (lindo)


Caso 3:

Passam frequentemente pela farmácia dois "personagens":
Um é esquizofrénico não controlado pela medicação capaz de se atirar para o chão e gritar "everybody get down, this is an alien invasion", ou de se virar para a técnica da farmácia ao balcão e dizer " I love you, I wanna make love to you now" entre muitíssimas outras situações. (falar noutras línguas, ser um enviado do futuro etc).
O outro trabalha no Centro de Saúde (!). Imaginem um homem com os seus 45 anos, com um aspecto e traços menos femininos que o Mick Jagger. Agora imaginem lá que decidiu no ano passado que deveria fazer a operação de mudança de sexo. Ele é ela agora, e tem cabelo loiro comprido e usa saltos altos.

A situação hilariante resulta do encontro dos dois!. O esquizofrénico apareceu na farmácia com um comportamento muito mais agressivo que o normal. Pegando em vários produtos e insultando tudo e todos com "I don't care about anything, fuck you all", "go to hell you *$%#£" etc etc

Ao fim de 5 minutos e muita gritaria o esquizofrénico ainda se encontrava na farmácia. Aí vindo do céu apareceu alguém de saltos altos, camisa cor-de-rosa e com uma bandolete com flor de lado a segurar os longos cabelos loiros. Era ele/ela, mas toda a graciosidade se perdeu ao, com a farmácia cheia, enfrentar cara a cara de peito feito e com a voz mais grossa possível o teimoso do esquizofrénico...

Aí fiquei vidrado a olhar para a cena e pensei: "Quer-me parecer que o mundo deve estar para acabar"